“Além dos impressionantes 265 metros de altura do seu minarete, são 46 andares do seu edifício principal, do cimo dos quais é possível apreciar uma vista deslumbrante sobre Argel”.
Depois de 12 anos de construção e muitas controvérsias, foi inaugurada no passado fim-de-semana, na Argélia, aquela que é a maior mesquita do continente africano, a terceira maior do mundo, a seguir às de Medina e de Meca, e a que tem o mais alto minarete alguma vez erguido.
Com cerca de 20 mil metros quadrados e capacidade para acolher 120 mil fiéis, a Djamaâ El-Djazaïr (em português, Grande Mesquita de Argel) é, na verdade, muito mais que uma mesquita.
Bate inúmeros recordes. Além dos impressionantes 265 metros de altura do seu minarete (que, segundo a reportagem do La Croix, parece “um foguete ligado ao céu azul celeste”), são 46 os andares do seu edifício principal, do cimo dos quais é possível apreciar uma vista deslumbrante sobre Argel, mas também de toda a mesquita, com as suas enormes salas e esplanada destinadas ao culto, um hotel, um instituto de ciências islâmicas, uma biblioteca com um milhão de livros, inúmeros restaurantes e lojas, e ainda um heliporto.
O projecto foi inicialmente apresentado como “um bastião contra o Islão radical e extremista, outrora fortemente radicado em alguns bairros da cidade”.
Mas não se livrou de fortes polémicas ao longo da sua construção. Por um lado, por causa dos sucessivos atrasos (a primeira data prevista para a conclusão era 2016); por outro lado, devido aos custos envolvidos: no início das obras (o valor total tinha sido estimado em mil milhões de euros, mas em 2020 a empresa chinesa responsável pela construção falou em 1,84 mil milhões).
A estas polémicas, juntaram-se ainda dúvidas sobre a conformidade do edifício com as normas sísmicas, que foram ignoradas pelas autoridades argelinas, apesar de a mesquita ter sido construída em terrenos com elevada sismicidade.
Há ainda quem diga, assinala o La Coix, que a nova mesquita é uma afronta à história colonial do país: fica a poucos metros de onde o cardeal Lavigerie, ex-arcebispo de Argel, fundador da Sociedade dos Missionários da África, estabeleceu uma comunidade de Padres Brancos até 1920.
Sonhada pelo ex-Presidente argelino Abdelaziz Bouteflika, que queria que ela fosse o seu legado e chamada de “Mesquita Abdelaziz Bouteflika” (tal como a Mesquita Hassan II, em Marrocos, em homenagem ao antigo rei), a Grande Mesquita de Argel chegou a ter a inauguração prevista para 2019, mas precisamente nesse ano Bouteflika foi forçado a renunciar, após duas décadas no poder, devido aos protestos que varreram o país.
A construção da mesquita juntamente de uma importante auto-estrada nacional e 1 milhão de unidades habitacionais foi marcada por suspeitas de corrupção durante o seu Governo, acusado de subornos a empreiteiros, depois pagos a funcionários do Estado, recorda o The Guardian.
Foi finalmente inaugurada no passado domingo, 25 de fevereiro, mesmo a tempo do mês sagrado do Ramadão, que se inicia no próximo dia 11 de março. (7margens).