Ontem, quinta-feira, a Embaixada dos Estados Unidos da América em Moçambique, comemorou a Independência americana, antecipadamente a 4 de Julho. Aos americanos a “Música e Movimento” são temas deste ano que coincide com mais de 80 países a realizarem eleições, incluindo os EUA, a contarem com trabalho conjunto para futuro mais brilhante.
O evento de ontem juntou várias figuras, incluindo a Ministra do Mar, Águas Interiores e Pescas, Lídia Cardoso; corpo diplomático; parceiros do governo, sector privado, e sociedade civil; amigos moçambicanos e compatriotas americanos.
Na ocasião, Peter Vrooman deixou claro que o “trabalho conjunto para um futuro mais brilhante“ deve ser acompanhado pela escuta de várias vozes. Mas, antes, o Embaixador agradeceu a todos presentes por se juntarem ao evento.
Passamos a citar originalmente o discurso da ocasião na voz do Embaixador dos Estados Unidos da América em Moçambique, Peter Vrooman.
Boa tarde, gostaria de agradecer a todos por se juntarem a nós para celebrar a independência dos Estados Unidos da América a 4 de Julho, 1776. Agradeço, igualmente, aos nossos patrocinadores e ao pessoal da nossa Embaixada.
Hoje, 27 de Junho, estamos a meio entre essa famosa data e a do nosso mais recente feriado federal – o Dia Nacional da Independência Juneteenth, que comemora a liberdade das pessoas escravizadas em 19 de Junho de 1865. O nosso tema este ano é Música e Movimento, e estou grato à GranMah, à Grace Chiburre e ao coro da Embaixada por cantarem “Lift Every Voice and Sing,” composto pelo poeta, diplomata e activista dos direitos civis, James Weldon Johnson, em 1900.
Em Julho de 1917, James organizou um desfile de protesto silencioso de 10,000 pessoas contra o linchamento. Esta foi uma das primeiras grandes manifestações dos afro-americanos, antecedendo em quase 50 anos a famosa Marcha sobre Washington.
Avançamos para 1963: milhares de americanos – sobretudo jovens – de todas as origens marcharam em Washington, erguendo as suas vozes para pedir justiça e o fim da discriminação. Ouviram o discurso “I Have a Dream” do Reverendo Doutor Martin Luther King, um eco do refrão esperançoso do sol nascente captado em “Lift Every Voice and Sing.”
O artista americano Sam Cooke inspirou-se e escreveu a canção “Change Gonna Come,” que ficou consagrada na história como uma canção de esperança para as pessoas de todo o mundo que apelam pela mudança.
Hoje, estamos a celebrar estas vozes que consolaram e inspiraram as massas. Os governos nem sempre podem ouvir a voz do povo, mas quando o fazem, todos nós nos tornamos melhores. Temos de ouvir as vozes de músicos da América como Nina Simone, Mavis Staples e Kendrick Lamar, assim como músicos de Moçambique: Moisés Manjate do grupo Djambo, Azagaia, Ivete Marlene Mafundza e Simba Sitoi. Temos de ouvir os jornalistas que nos responsabilizam a todos. A escritores como Paulina Chiziane e Amanda Gorman. Às vozes dos eleitores que, através das urnas, determinam o rumo do seu país.
Este ano foi designado como o ano da democracia. Mais de 80 países estão a realizar eleições, incluindo os Estados Unidos e Moçambique. 4 mil milhões de pessoas em todo o mundo vão fazer ouvir a sua voz.
Nas minhas viagens por todas as províncias de Moçambique, ouvi os sonhos de muitos jovens, desde professores inspirados em Niassa a um jovem poeta e compositor albino em Nampula; de artistas de Cultural Exodus em Cabo Delgado e as bailarinas de tufo na Ilha de Moçambique; de mães na Gorongosa e no Dondo; ciclistas e pessoas com deficiência em Quelimane, Beira e Maputo, até as cozinheiras do programa de lanche escolar em Moamba e Matutuine.
A democracia prospera quando as pessoas são ouvidas, quando trabalhamos para o bem-estar do povo. Continuemos a trabalhar em conjunto para um futuro mais brilhante, mais saudável, mais próspero, mais seguro, mais resiliente, mais democrático e mais justo para todos.
Agora, peço-vos que levantem os vossos copos e se juntem a mim e a Sua Excelência a Ministra Lídia Cardoso num brinde:
– Ao povo americano e moçambicano,
– Ao Presidente Nyusi e ao Presidente Biden,
– E à amizade entre a República de Moçambique e os Estados Unidos da América. Fechou o discurso, convidando assim a Ministra Lídia Cardoso para a sua intervenção.
Já o Governo moçambicano, através da sua representante, reconheceu a boa colaboração com EUA, desde os desafios ao desenvolvimento pelas iniciativas. Segundo Lídia Cardoso, isso representa a união dos dois países, o que motiva festejo conjunto.
Intervenção da Ministra do Mar, Águas Interiores e Pescas, Lídia Cardoso
A Declaração da Independência, a 4 de julho de 1776, constituiu uma extraordinária conquista que transformou os Estados Unidos na primeira nação do continente americano a ter a sua independência e serviu de inspiração para outras nações, então colónias. Por isso, em nome do povo e do Governo da República de Moçambique, felicitamos calorosamente o povo e o Governo dos Estados Unidos da América com renovados votos de desejo de reforço da solidariedade, amizade e cooperação que nos une.
Reconhecemos a presença, nesta Festa Nacional, de cidadãos norte-americanos e suas famílias. É uma presença que nos toca pela sua participação e empenho na construção de um Moçambique próspero e do almejado bem-estar social para todos. Desejamos a todos vós feliz celebração do Dia da Independência. Excelências, minhas senhoras e meus senhores, nesta ocasião celebramos, 248 anos de independência dos Estados Unidos e igualmente 49 anos da nossa cooperação, simbolizada pelo estabelecimento das relações diplomáticas entre os nossos dois países, a 23 de Setembro de 1975. Tratou-se então do reconhecimento formal da independência de Moçambique pelo Governo americano, seguida, a 8 de novembro do mesmo ano, pela abertura desta Embaixada.
O estabelecimento de relações político-diplomáticas foi o abrir de uma página indelével na história do relacionamento entre os nossos dois países e povos. Ao longo destes anos, orgulhamo-nos de ter desenvolvido em conjunto uma notável cooperação nos domínios político-diplomático, militar, socioeconómico, cultural, técnico-científico, humanitário, entre outras áreas de interesse mútuo. Este mês, celebramos com júbilo os 40 anos da nossa parceria com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, revisitamos as intervenções e projectos realizados com sucesso e reafirmamos o desejo de continuar a trabalhar como parceiros para desenvolver Moçambique.
Em agosto próximo, será retomada a vinda a Moçambique dos Peace Corps, que fazem parte do Programa do Governo dos Estados Unidos, o qual treina e envia voluntários para fornecer assistência internacional ao desenvolvimento. Os voluntários norte-americanos, com histórias de sucesso no nosso país, vão de novo trabalhar, lado a lado com moçambicanos, em sectores como a saúde e a educação. Em nome do Governo de Moçambique, gostaríamos sinceramente de agradecer ao povo e ao governo americanos por todo este apoio no desenvolvimento socioeconómico, na assistência humanitária, na mitigação dos efeitos dos desastres naturais como consequência das mudanças climáticas que têm assolado Moçambique, bem como no combate ao terrorismo em alguns distritos da província de Cabo Delgado.
Senhor Embaixador, notamos com satisfação o crescimento de investimentos e a presença de empresas americanas em Moçambique. Esta presença é resultado também do engajamento entre o Governo e sector privado de Moçambique com o Conselho Corporativo para a África, o qual se reflecte no interesse e na vontade dos dois Governos em reforçar a cooperação económica, explorando as oportunidades que o nosso país oferece para promover negócios nas áreas de recursos naturais, agricultura, infraestruturas, turismo, indústria e comércio, transportes, entre outros. Saudamos, pois, os esforços e o empenho do Governo dos Estados Unidos da América para elevar os patamares de ajuda oficial ao desenvolvimento de Moçambique.
Ao reiterar o nosso reconhecimento e apreciação às decisões tomadas pelo Governo dos Estados Unidos da América, permitam-nos destacar o seguinte. A implementação do Acordo de Doação, orçado em 1.5 mil milhões de dólares americanos, assinado 31 de Março de 2022, para além de outras formas de assistência. A assinatura do Acordo de Financiamento do 2º Compacto para Moçambique entre o Governo de Moçambique e a Agência Norte-Americana Millennium Challenge Corporation, em 2023. A inclusão de Moçambique na lista de países prioritários para a estratégia dos Estados Unidos de prevenção e promoção da estabilidade no mundo. A manutenção da elegibilidade de Moçambique para beneficiar da iniciativa AGOA.
A selecção de Moçambique para a cooperação no domínio da segurança sanitária no âmbito da iniciativa Global Health Security Agenda e o reforço da cooperação bilateral no domínio da segurança alimentar. O reforço da cooperação no domínio do combate ao terrorismo e o anúncio de incremento de apoio humanitário para apoiar os esforços de estabilização em Cabo Delgado. Na avaliação das nossas relações, usamos como um dos critérios a frequência da troca de visitas entre os Estados Unidos da América e a República de Moçambique. Este ano, em abril, Sua Excelência, o Presidente Filipe Nyusi, participou em Washington na Conferência Internacional sobre o Maneio Sustentável Integrado da Floresta do Miombo, organizada pelo Governo de Moçambique com apoio da Fundação Internacional para a Conservação da Biodiversidade e da Sociedade para a Conservação da Biodiversidade.
A conferência promoveu oportunidades de investimento no quadro da implementação da Declaração de Maputo sobre o Miombo, visando o alcance das metas sobre as mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável integrado. Como é sabido, a Floresta do Miombo é importante para a manutenção da Bacia do Grande Zambeze, uma região rica em biodiversidade, nas suas áreas protegidas, com enorme potencial para o desenvolvimento de uma economia baseada na natureza. Em maio, uma delegação de Moçambique, liderada por Sua Excelência Ernesto Max Tonela, Ministro da Economia e Finanças, participou em aulas na 16ª Cimeira de Negócios, Estados Unidos, América e África. Pela parte dos Estados Unidos, recebemos em março a visita de Sua Excelência Anne Witowitzki, Secretária de Estado-Adjunta para Assuntos de Conflito e Operações de Estabilidade. A sua presença permitiu o reforço das relações bilaterais e a promoção da paz em Moçambique, concretamente na província de Cabo Delgado.
Sr. Embaixador, Moçambique e os Estados Unidos partilham os mesmos valores democráticos de construção de Estados direito democráticos e de justiça. Desde 1994, Moçambique tem realizado regularmente eleições geral multipartidárias, estando neste momento em preparação as eleições presidenciais, legislativas e das Assembleias Provinciais, agendadas para 9 de Outubro próximo.
Nesta data de celebração do Dia da Independência dos Estados Unidos, gostaríamos de reiterar o compromisso do Governo de Moçambique no aprofundamento da democracia, na consolidação da paz, no respeito pelos direitos humanos e na promoção do desenvolvimento económico e social sustentável e inclusivo.
Igualmente, gostaríamos de reiterar, a terminar, a vontade do Governo de Moçambique em continuar a contar com os Estados Unidos da América para enfrentar os desafios actuais, nomeadamente, a implantação e consolidação de projectos ligados à estabilização da situação de segurança na província de Cabo Delgado, a provisão de mais ajuda humanitária às vítimas do terrorismo e desastres humanitários, a prevenção e combate a pandemias e a promoção do desenvolvimento económico e social que concorre para o bem-estar de todos. (Alfredo Armando – Maputo).