Em dois dias consecutivos, 16 professores considerados pontos focais, partilharam experiências sobre Programa de saúde escolar; gestão e higiene menstrual; construção sociocultural dos papéis de género; álcool e outras drogas, estigma e descriminação, e violência na escola; infecções de transmissão sexual, prevenção de ITS e do HIV, simulação de aulas baseada na transversalidade e apresentação; e Aprendizagem Baseada em Jogos.
Estes temas envolveram, igualmente, trabalhos em grupo, prática de planificação de aulas integrando temas transversais com exemplos e discussão em grupo e apresentação em plenária.
O Parque Nacional da Gorongosa (PNG), através do Programa Saúde Materna Infantil (SMI) e Clube de Professores promoveram o encontro dos professores para, conforme as condições de cada escola trocarem experiências e sugerirem melhorias focadas na mudança de comportamento das comunidades sobre Saúde e Género.
O supervisor distrital da Educação do PNG, em Nhamatanda, explicou que na Zona de Desenvolvimento Sustentável do Parque Nacional da Gorongosa, “uma das dificuldades nas nossas raparigas é a união prematura que acaba afectando a saúde sexual reprodutiva”, disse António Golonga, justificando que “trabalhando com os nossos professores, incutindo-lhes as habilidades de como as crianças podem enquanto muito cedo terem a higiene, saber como podem usar os meios locais e crescerem saudáveis”, é uma oportunidade contra este mal motivado também pela pobreza.
Os participantes são professores de escolas com programas de Educação da Rapariga, Clube de Professor e Programa de Saúde, no distrito de Nhamatanda, um dos seis distritos da Zona de Desenvolvimento do Parque Nacional da Gorongosa.
Para a Gorongosa, “os professores devem ter [esse] conhecimento porque quase tudo parte da escola”, onde aprendem formalmente sobre a vida.
A Gorongosa traz uma abordagem que deixa à vontade os alunos nas escolas para aprendizagem em matérias sensíveis.
“Existem professores com receio de transmitir os conhecimentos sobre a saúde sexual e reprodutiva nas salas de aulas”, por isso, “trazemos jogos para que todas as crianças sintam-se à vontade praticando jogo e aprendendo como cuidar da sua saúde sexual”, disse Golonga.
Professores desafiam-se a melhorar abordagens
A professora da Escola Básica de Nhampoca, em Nhamatanda, Beatriz Paulo Marcelino, participou pela primeira vez na capacitação promovida pela Gorongosa e quer replicar o aprendizado na melhoria de higiene e saúde onde trabalha, por meio de palestras, jogos divertidos, em aulas mesmo nas formaturas diante dos alunos.
“As crianças ainda têm o receio de recorrer aos hospitais por estigma”, tradições e crenças ou mesmo por falta de conhecimento.
Beatriz Paulo Marcelino apontou uma realidade de Nhamapoca. “As meninas, quando estão em períodos de menstruação, pensam que têm que se recusar [excluir-se] ou esconder”. Contra isso, “graças a esta capacitação [da Gorongosa], poderemos abrir a mente para incentivá-las” contra esta atitude negativa.
Aquela professora da Escola Básica de Nhampoca chama atenção às raparigas: “O sinal de menstruação significa que a menina tem uma boa saúde. Então deve agir normalmente, é só tomar cuidado da higiene pessoal, mas não quer dizer que ela deve se excluir da sociedade”.
Os professores em Nhampoca querem que as palestras sobre saúde e género sejam intensificadas em Nhampoca para a sociedade em geral, apesar da insuficiência de material e insuficiência de tempo para actividades extras.
O professor e director da Escola Primária de Mabungua, Manuel Zacarias Vasco avaliou a capacitação por “harmonizar aquilo que é actividade do [seu] trabalho e um impulso daquilo que sabíamos de forma empírica. Já com a técnica de aprendizagem baseada em jogos, também vai facilitar a compreensão [dos conteúdos nas escolas] para a melhoria de qualidade de ensino das crianças, ao mesmo tempo, para a conservação do meio ambiente e consequentemente, mudança de comportamento da sociedade”.
Manuel Zacarias Vasco pede à Gorongosa para que continue a “ajudar-nos com capacitações dessa natureza. Apesar da formação como professor, precisam de uma “reciclagem” em diferentes temas para estarem “actualizados”. Em algum momento, poderemos ter dificuldades em fazer as réplicas desses conhecimentos, reconheceu.
O director da Escola Primária de Mabungua desafia-se a trazer resultados depois dessa capacitação que decorreu entre os dias 15 e 16 deste mês (sexta-feira e sábado últimos), em Nhamatanda. (Muamine Benjamim –Nhamatanda).