O ex-ministro das Finanças de Moçambique Manuel Chang foi ontem, sexta-feira, condenado nos Estados Unidos (EUA) a oito anos e meio de prisão, incluindo os cerca de seis anos que já cumpriu, no âmbito do caso das dívidas ocultas. Em dois anos e meio será libertado e deportado para Moçambique.
A pena foi aplicada por aceitar subornos no processo que lesou o Estado moçambicano em cerca de dois mil milhões de dólares.
Manuel Chang foi detido no dia 29 de dezembro de 2018, quando a justiça americana pediu às autoridades sul-africanas a prisão de Manuel Chang quando estava em trânsito de Maputo para Dubai.
Já nos Estados Unidos, ontem, antes da leitura da sentença, através de um intérprete, segundo a “VOA”, Chang dirigiu-se ao juiz para expressar “estar envergonhado” com as suas acções. “Lamento profundamente os danos que causei, sinto muito”.
O antigo ministro também implorou ao juiz que tivesse “compaixão” e que tivesse em conta na sua sentença os quase seis anos que já cumpriu na prisão, dos quais quatro anos e meio, segundo ele, em condições deploráveis na África do Sul.
“Não gostaria de morrer aqui, numa prisão de um país estrangeiro, longe da minha família”, conclui Chang, escreve a imprensa americana.
Ao ler a sentença, o juiz Nicholas Garaufis disse que considerou os seis anos que ele está preso e que dentro de dois anos e meio será libertado e deportado para Moçambique.
”As vítimas confiaram no Sr. Chang para gerir os seus investimentos e o desenvolvimento do seu país de uma forma livre de corrupção”, disse Garaufis na sentença de Chang no tribunal federal de Brooklyn.
Os procuradores acusaram Manuel Chang em subornos da empresa de construção naval Privinvest em troca da sua aprovação de uma garantia do Governo de Moçambique para empréstimos de bancos, incluindo o Credit Suisse, a três empresas apoiadas pelo Estado.
O advogado de defesa, Adam Ford disse que planeia recorrer da sentença porque acreditava que o ex-ministro Manuel Chang poderia ser libertado porque “ele já foi suficientemente castigado”.
Este é outro capítulo no caso de dívidas ocultas. Assim que Filipe Nyusi perdeu imunidade ao sair da Presidência de Moçambique, o caso poderá ser reactivado, ao olhar para a recente recusa de indulto presidencial e a pressão internacional. (Profundus).