Professor morto por ataque de elefantes em Chemba

No distrito de Chemba, em Sofala, os animais selvagens continuam a somar vítimas, além de destruir várias culturas agrícolas. Desta vez, a vítima é um professor da Escola Primária de Nchena encontrado morto na localidade administrativa de Goê, depois de um ataque de elefantes.

Trata-se de Narciso Caetano Thaio, professor da 6.ª Classe, de 2016 até a sua morte.

Narciso Caetano Thaio foi morto na última segunda-feira, na zona de Nchena. No local tinha manadas com crias.

O director da Escola Primária de Nchena, Paulo Bulande Massale, confirma a morte do professor Narciso Caetano Thaio.

Paulo Massale conta: Um dia antes, os animais pernoitaram próximo da escola. Ao amanhecer saíram para um local pouco distante. Quando eram 16h, os paquidermes regressaram ao local pelas proximidades das residências.

A população recorreu aos métodos tradicionais para afugentar os animais, tocando batuques, latas e outros objectos barulhentos. Na altura, o professor estava a dar aulas, depois quis juntar-se à população. “Mas quando ia para lá, havia outra manada, minutos depois ouviram-se gritos de socorro. Encontraram a vítima estatelada, com todas as costelas quebradas”. Imediatamente foi levado pelos colegas director e adjunto director da mesma escola para o Centro de Saúde de Sena – vizinho distrito de Caia, mas não chegou em vida, morreu no caminho.

O professor de 36 anos deixa quatro filhos e uma viúva.

Antes de tudo, o director havia comunicado ao chefe do povoado de Cado telefonicamente, a pedido de intervenção da Polícia da República de Moçambique (PRM) para afugentar os animais. Enquanto se aguardava por intervenção das autoridades, os animais criavam pânico.

Os elefantes, crocodilos e búfalos estão entre os que mais fazem vítimas em Chemba.

Em fevereiro e junho deste ano, os crocodilos atacaram mortalmente duas crianças nas margens do rio Zambeze.

Desde janeiro deste ano, os elefantes estão entre as zonas Nchena, Tito, Matema, Ulir, Macanda, Xavier e Ndaluza, destruindo tudo que encontram e comendo que serve para eles.

As comunidades apontam mais de 20 elefantes, um deles possui o Sistema de Posicionamento Global, Global Positioning System (GPS) no pescoço.

Segundo os relatos locais, os elefantes já chegam às residências seguindo os celeiros entre as residências, o que coloca em perigo a vida das comunidades e a insegurança alimentar.

Ocasionalmente, as comunidades de Chemba recorrem aos frutos silvestres nas ilhas.

 

Junta-se aos outros distritos com mais mortes por animais

Chemba junta aos distritos de Nhamatanda, Marromeu, Chibabava e Caia onde nos últimos 4 anos, os animais mais problemáticos nas comunidades, como elefantes, hipopótamos, búfalos e crocodilos, mataram 133 pessoas e feriram outras 134, segundo o governador de Sofala, Lourenço Bulha.

Lourenço Bulha falou numa reunião de reflexão com os gestores das zonas de Conservadores e da Administração Nacional de Áreas de Conservação (ANAC) para uma reflexão conjunta na busca de soluções, apontando que cerca de 70% ou 80% dos crimes julgados têm conexão com o conflito fauna-bravia. Esta preocupação aumenta pelas mudanças climáticas que Sofala não é excepção de Moçambique, abrindo uma “janela” de insegurança alimentar e extinção de espécies de animais altamente ameaçadas.

“A morte de cidadãos e a destruição dos seus meios de subsistência não podem ser tratadas como um efeito colateral inevitável. É urgente que se definam mecanismos de resposta e compensação, bem como acções preventivas eficazes”, defendeu Bulha na reunião de abril passado, na cidade da Beira.

Chemba está mais próximo das Coutadas 7, 9 e 12, hoje, numa nova fase de regeneração. (Rosário Ntepa).

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