“É com profunda tristeza e pesar que vos informo do falecimento do nosso estimado Director do Departamento de Ciência do Parque Nacional da Gorongosa, Dr. Marc Stalmans, ocorrido” ontem, sexta-feira, “na sua residência dentro do Parque”, escreve o Director de Comunicação da Gorongosa, Vasco Galante.
O legado de Marc Stalmans na conservação e investigação científica deixa uma marca em todos nós e no futuro da Gorongosa. A sua dedicação e paixão inspiraram várias gerações de profissionais, estudantes e estagiários, tendo contribuído de forma notável para a protecção da biodiversidade e o desenvolvimento da ciência em Moçambique e internacionalmente.
“De acordo com os desejos da família, o corpo do Dr. Stalmans será transportado para a África do Sul, sua residência, e onde se encontra a sua esposa, para que familiares e amigos possam prestar as suas últimas homenagens. Deixamos aqui as nossas sinceras condolências à família, amigos e colegas do Dr. Marc Stalmans”.
Dr. Marc Stalmans nasceu e cresceu no Congo, na África Central. Aos 15 anos, família voltou para a Bélgica, onde terminou o ensino médio e foi para a universidade.
Depois de se formar como engenheiro florestal e completar um ano de pós-graduação em saúde e produção de animais tropicais, emigrou para a África do Sul em 1984. Desde então, trabalhou em organizações de conservação da natureza e concluiu um mestrado em Botânica e um doutoramento em Ecologia da Paisagem.
Desde 2001 trabalhava como consultor independente em conservação. Em 2006, pediram-lhe para avaliar a capacidade de carga dos herbívoros do novo santuário da Gorongosa. Isso o levou a vários outros estudos ao longo dos anos, incluindo um mapa das paisagens do Parque. No início de 2012, foi nomeado Director dos Serviços Científicos do Parque.
O papel do Dr. Marc Stalmans era de coordenar a pesquisa científica que acontece no Parque, quer pela equipa quer pelos outros cientistas e estudantes. Os resultados destes estudos são utilizados para orientar a gestão do Parque tanto a curto como a longo prazo. Uma pequena divisão, mas interactiva com muitos outros cientistas e estudantes, de Moçambique e de outros países.
O departamento também aconselha sobre o planeamento do turismo usando informações que colectadas sobre a ecologia e a biodiversidade do Parque para aumentar o turismo, minimizando os impactos negativos sobre o meio ambiente.
Outra prioridade é documentar a tremenda biodiversidade do Parque, um esforço que é conduzido pelo Laboratório de Biodiversidade E.O. Wilson em Chitengo. O programa de Educação Científica, destinado a desenvolver a próxima geração de especialistas em biodiversidade e ecologistas moçambicanos, é uma das áreas prioritárias.
Tendo estado envolvido no projecto de restauração desde 2006, Dr. Marc Stalmans começou a apreciar o tremendo dinamismo na Gorongosa e no projecto de conservação. A própria natureza está a voltar de forma espantosa. O parque e a sua fauna bravia são extremamente produtivos. Gorongosa é também um Parque Nacional extraordinariamente diverso, abrangendo uma vasta gama de habitats desde os picos da Serra da Gorongosa até à bacia do Lago Urema.
“É um grande projecto para estar envolvido porque, como equipa, acreditamos no que estamos a fazer. Pessoalmente, acredito que o programa de BioEducação é uma das coisas mais importantes que fazemos na Ciência. É imensamente gratificante ver os jovens Moçambicanos a descobrir a sua paixão e a desenvolver as suas competências como cientistas”, avaliou quando estava em vida.
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