Dondo: Reclusos queixam-se de pouca comida nos pratos

Os reclusos do estabelecimento penitenciário do distrito do Dondo, em Sofala, apontam exagero na quantidade de comida servida. Agora pedem o aumento da única refeição diária.

Na visita da última quinta-feira, o executivo de Dondo visitou ao estabelecimento penitenciário distrital, onde os reclusos mostraram-se preocupados com a pouca comida que recebem. Não demorou, já na segunda-feira, a Igreja Ministério Orai Sem Cessar em coordenação com o Governo entregou-lhes produtos alimentares e de higiene, como de minimizar as dificuldades enfrentadas pelos reclusos em matéria de alimentação.

No total, foram entregues 14 sacos de 25 kg de farinha de milho, 20 litros de óleo, um saco de sal, 5 galões de feijão, duas caixas de sabão e outros artigos básicos de higiene.

Na ocasião, o representante do líder da Igreja, Hebreus Jone, explicou que a iniciativa surge como resposta às necessidades dos reclusos: “A Igreja Ministério Orai Sem Cessar contribuiu com quantidades consideráveis para apoiar os nossos irmãos que estão a cumprir suas penas neste estabelecimento, porque sabemos que passam por necessidade de alimentação. Queremos mostrar solidariedade e reforçar a dignidade daqueles que se encontram privados de liberdade.”

Segundo os relatos dos detentos, anteriormente eram servidas duas refeições por dia, que somadas ultrapassavam 400 gramas de comida. Actualmente, a mesma quantidade é repartida numa única refeição diária, deixando os reclusos em situação de fome durante grande parte do tempo. “Comemos apenas uma vez por dia e a comida não chega”, disse um dos reclusos.

Em média, mensalmente, a penitenciária de Dondo recebe 90 kgs de farinha e 75 kgs de feijão.

As refeições, geralmente compostas por feijão, couve e xima, têm sido servidas em quantidades cada vez mais reduzidas, provocando insatisfação generalizada, segundo os reclusos. “Precisamos que as porções sejam aumentadas para termos uma vida minimamente digna aqui dentro”, pediu um dos reclusos, em declarações à margem da visita.

O porta-voz do governo distrital Dondo, Miguel Rebeca reconheceu que a alimentação fornecida aos reclusos continua insuficiente, sendo possível garantir apenas uma refeição por dia. “A comida que tem sido recebida é suficiente apenas para garantir uma refeição diária, o que significa que os reclusos têm disponibilidade apenas para uma refeição por dia”, afirmou.

Segundo o porta-voz, a limitação não se deve apenas à quantidade de produtos disponíveis, mas também a dificuldades logísticas, sobretudo no transporte da lenha indispensável para o preparo da alimentação. “Há dificuldades no transporte da lenha, isto dificulta ou condiciona o preparo da comida. Daí que a alimentação tem sido preparada apenas uma vez ao dia”, explicou.

Diante desta realidade, o Governo distrital recomendou maior empenho na gestão da estrutura prisional, de modo a permitir que os reclusos possam ter acesso a duas refeições diárias.

“São várias as actividades que devem ser efectuadas, principalmente no domínio da produção de alimentos, e nós, como Governo, iremos apoiar esta penitenciária com a transferência de tecnologia e assistência técnica, para que realmente consiga produzir parte da sua alimentação”, garantiu o porta-voz.

O compromisso surge após várias queixas apresentadas pelos reclusos, que defendem o aumento das porções e melhores condições de subsistência dentro do estabelecimento penitenciário.

O Executivo assegura que a solução passa não apenas pelo reforço imediato da assistência alimentar, criação de formação técnico profissional mas também por medidas de sustentabilidade, capazes de reduzir a dependência externa e aumentar a capacidade produtiva da penitenciária. (Narcísio Cantanha).


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