No contexto político e institucional moçambicano, assiste-se, com crescente preocupação, à consolidação de uma cultura de silêncio e obediência cega, impulsionada por práticas de nomeações para cargos de direcção com base em critérios de confiança pessoal, em detrimento do mérito, competência e ética profissional.
Esta realidade tem vindo a criar um ambiente adverso à livre expressão e à participação cidadã. Quem ousa questionar, levantar preocupações legítimas ou exigir o cumprimento dos seus direitos é, frequentemente, rotulado de agitador ou inimigo da estabilidade institucional. Em muitos casos, a denúncia de irregularidades ou a simples partilha de opiniões críticas é vista como ameaça à ordem estabelecida, gerando represálias directas ou indirectas.
É imperativo recordar que o direito à liberdade de expressão, consagrado na Constituição da República de Moçambique, não é apenas um princípio democrático abstracto. Trata-se de um instrumento essencial para garantir a responsabilização dos gestores públicos, promover a boa governação e assegurar o respeito pelos direitos humanos e pelos valores republicanos.
Ignorar ou silenciar vozes críticas compromete o progresso institucional e perpetua a estagnação. A crítica construtiva deve ser acolhida como sinal de maturidade democrática, não como sinal de deslealdade. Nenhuma instituição pode prosperar em ambiente de medo e conformismo.
Assim, urge promover uma cultura de integridade, onde a verdade seja respeitada, mesmo quando desconfortável. Só através do diálogo aberto e do reconhecimento da crítica como elemento vital da governação, será possível construir um Estado verdadeiramente democrático, justo e inclusivo.
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