Moçambique: Onde a economia é privilegiada e a pobreza é herdada

Há países em que a riqueza é um projecto colectivo. Em Moçambique, ela parece ser uma herança política, encerrada nos bolsos daqueles que deveriam servir e não se servir. Enquanto os discursos falam de progresso, o povo mastiga silêncio e engole promessas.

A economia, dizem os que governam, está a crescer. Mas onde floresce essa abundância? Nos corredores do poder, nas contas discretas, nas viaturas blindadas. Enquanto isso, o cidadão comum, o verdadeiro construtor da pátria reparte migalhas com a esperança e faz da sobrevivência o seu único ofício.

A pobreza, em Moçambique, deixou de ser um fenómeno passageiro: tornou-se paisagem. Instalada no prato do pacato cidadão, ela se naturalizou. Não por falta de recursos, mas por excesso de indiferença.

Quando a riqueza é centralizada e a fome é democratizada, o país se fragmenta. A ética perde lugar para a ganância, e o Estado se distancia da sua alma: o povo.

Não se constrói uma Nação onde o poder alimenta poucos e abandona muitos. A justiça social não é caridade é dever. E um dia, quando a paciência dos pobres se esgotar, até os bolsos mais fundos dos dirigentes não conseguirão esconder o colapso da dignidade.


Discover more from Jornal Profundus

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Discover more from Jornal Profundus

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading