Comunicar para Mudança

Animais vadios: Um problema por ultrapassar na vila de Nhamatanda?

9º Bairro, Eduardo Mondlane-Nhamatanda-Profundus

Ver animais de qualquer maneira “a passear” ou a invadir propriedades, principalmente, na época de produção agrícola, na vila municipal está a parecer normal. Mas há uma táctica de isso acabar, com a taxa já introduzida pelo Conselho Municipal da Vila de Nhamatanda.

Na última sessão de dezembro de 2023 por sinal a final do mandato, aquela mesma que a bancada da Renamo boicotou não participando alegadamente, porque havia nomes mal escritos dos seus membros e erro de comunicação supostamente cometidos pela autarquia, a Assembleia Municipal aprovou uma taxa de cobrança por animais vadios, além de aprovar a acta do evento anterior, relatórios das comissões de trabalho e o informe do edil.

Na ocasião, o presidente da Assembleia André Machatine que já vai entregar as chaves das pastas, brevemente, disse não conhecer os motivos da ausência da Renamo, uma vez que foi-lhe comunicado sobre o evento.

Na sequência das taxas aprovadas, neste momento, um grupo de jovens de ambos géneros, com colete e cordas nas mãos até com capacidade de perseguir qualquer irracional, está espalhado na vila municipal de Nhamatanda. Por um animal vadio, se a equipa municipal capturá-lo, o respectivo dono deverá pagar uma quantia de 1.000 meticais como resgate.

Com esta medida, para o edil de Nhamatanda António Charumar João, “é uma forma de disciplinar as pessoas para controlarem os [seus] animais”.

Também, sabe-se que com esta medida, politicamente, o munícipe estará a contribuir de forma financeira para o desenvolvimento da vila de Nhamatanda que já sonha em se tornar cidade municipal.

A vila de Nhamatanda parece estar a concorrer para uma continuação da zona rural (campo). Ali há mistura de pessoas e culturas, mas com regras de como se cada um quisesse fazer o que bem entender nos talhões até com os animais. Este facto deve-se a políticas locais, além de êxodo rural e urbano.

Recorre-se a Geografia para desmistificar isso. Êxodo rural é a saída de pessoas do meio rural (campo) para a cidade. As razões económicas são as mais decisivas para este facto, tal como o caso de Nhamatanda onde há aqueles que abandonam ou até vendem seus campos agrícolas na esperança de terem nova forma de viver na vila municipal à procura de melhores condições de vida.

As condições laborais são frequentemente mais difíceis no campo do que nas cidades, a título de exemplo, baixas oportunidades, reduzido poder de compra; falta ou insuficiência de meios e vias de transporte e comunicação; falta ou insuficiência de apoios médicos e assistência social; dificuldade de acesso a estabelecimentos de ensino, principalmente dos níveis secundários e universitários; desemprego; atracção psicológica exercida pelas melhores condições de vida nas cidades, entre outras. E facilmente, vão com quase tudo às cidades.

O êxodo rural tem impactos positivos, porém importa referir a afecção negativa para o caso da vila de Nhamatanda. Força o desemprego e subemprego; mendicidade; saturação demográfica; problemas habitacionais que levam à proliferação de bairros de lata e de bairros clandestinos; maior pressão sobre os recursos naturais existentes no ambiente urbano; precárias condições higio-sanitárias e aumento da criminalidade, delinquência e força até as políticas. É assim que a tão sonhada cidade de Nhamatanda ganha ritmos de “passeio de animais”.

“Levem os animais para [criarem] num local para não saírem”, aconselhou Charumar como o é popularmente conhecido, destacando o “porco e cabrito”. Mas seria mais interessante o caso de cães, sendo problemáticos, dariam de falar ao capturá-los.

Já o êxodo urbano é a saída de pessoas da cidade para o campo. Para o caso de Nhamatanda é muito mais pelos campos de produção localizados nos postos administrativos e localidades, fora da sede.

Portanto, na vila de Nhamatanda, ocorrem os dois processos de saída (rural e urbano) interno do território. Pensando em qualidade de vida melhor, a população busca moradias ocasionais nas áreas rurais para a produção de alimentos, também recorrem ao conforto ou oportunidade muito mais pela industrialização.

Voltando ao contexto de animais vadios, está “normalizado” encontrar uma quinta, no coração da vila municipal, até próxima de instituições públicas. Estes animais, por serem irracionais, além de oferecerem insegurança para os munícipes, o seu cheiro a partir dos curais consegue ser insuportável para alguns munícipes e, consequentemente, pode ser um concurso para doenças.

“Essas taxas não são apenas para o próximo mandato”, a partir de 2024. Resultam de uma revisão dos dois mandatos de existência da autarquia de Nhamatanda.

Nos bairros, alguns munícipes não se sentem à vontade, pois, pequena desconcentração resulta em invasão de suas residências ou propriedades pelos animais. É como se os munícipes estivessem a ser criados pelos animais, quando é ao contrário.

Quem deve se sentir à vontade é o munícipe que tem as crias, não ao contrário.

Na saída das pessoas das localidades ou postos administrativos de Nhamatanda para se tornarem munícipes da vila, levam tudo até as crias a serem soltas nos bairros. Mas Nhamatanda de ontem não é o mesmo de hoje. É preciso repensar para um local que se sonha em deixar de ser vila para cidade. Para tal, a sanidade, industrialização, geopolítica, geoestratégia e um olhar activo dos envolvidos devem funcionar.

 

Só animal vadio?

Existindo autarquia é preciso triplicar a sua existência com acções, pois, além de animais vadios, as pontes sobre rio Nhamatanda, estradas que dão acesso a alguns bairros, candeeiros nas vias públicas, segurança na vila municipal e construções desordenadas continuam preocupantes. Enquanto a água que era calcanhar de Aquiles está aos poucos a sair da boca de munícipes desde outubro passado ao jorrar nas torneiras e mantendo-se a expansão para outros bairros.

A tomada de posse dos presidentes dos municípios frutos de eleições de 11 de outubro de 2023 será no dia 7 de fevereiro próximo. E de lá, saber-se-ão planos para responder as várias preocupações da vila de Nhamatanda e quais prioridades. Pois, agora evita-se qualquer comentário pelo menos da maioria ganhadora depois da votação que deu de falar no país e no internacional.

Contudo, se é ou não o fim do problema de animais vadios na autarquia, a equação será mais simples no andar do tempo com a medida do município. (Muamine Benjamim).

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