Chansico: Não é simples olhar, é esperança de quem quer ser enfermeiro onde até as condições lhe assustam

O Parque Nacional da Gorongosa (PNG) já entregou as 26 escolas básicas (156 novas salas) construídas na sua Zona de Desenvolvimento Sustentável (Nhamatanda, Gorongosa, Maringué, Muanza, Dondo e Cheringoma), além de 3.744 carteiras escolares a beneficiar 15 mil alunos. Foram construídas com fundos disponibilizados pela USAID, geridos pelo Projecto de Restauração da Gorongosa, com assistência técnica da UN-Habitat e parceiros implementadores como OIKOS e AVSI (ONG’s com experiência em construção civil envolvendo as comunidades).

As comunidades não apenas ganharam escolas, mas também aprendizagem por estarem envolvidas como mão-de-obra local, incluindo mulheres. A aceitação da comunidade não foi apenas pelos subsídios, mas também pelo que vão fazer depois do fim do projecto.

Os edifícios foram projectados para, igualmente, funcionarem como refúgios seguros para abrigar os locais no caso de ocorrências de eventos extremos (ciclone) na região. E pelo que aprenderam, as comunidades já têm habilidades para fazer intervenções sem precisar de mão-de-obra externa. É ai onde entra Chansico a projectar-se.

Chansico Sangulane Bechane é um jovem que teve a oportunidade de aprender a fazer construções mistas em Mutundo. Agora desafia-se a concorrer para oportunidades semelhantes para construir casa própria usando as técnicas aprendidas, ganhar dinheiro e projectar-se a fazer um curso de medicina e ajudar a família.

“Aprendi que com estacas, bambú, chapas de zinco, cimento, prego e tijolos, posso fazer casas resilientes”, patilha o jovem Bechane como aprendizagem.

Chansico é único filho do casal Bechane. Ainda na 9.ª Classe, enquanto miúdo, sentiu-se abandonado pela separação dos pais.

Bechane passou a trabalhar com a terra (produção agrícola) e com apoio de alguns familiares conseguiu concluir o ensino secundário.

Chansico Bechane é um dos raros jovens que fez a 12.ª Classe nas comunidades arredores do PNG. Hoje, apesar de não conseguir fazer um curso, no bairro “vejo-me orgulhoso pelo que aprendi e com o meu nível de escolaridade”.

Bechane partilha a visão da comunidade. “Achei que uma casa se constrói apenas com capim ou apenas ferro”. Agora, “percebi que com material misto pode construir uma casa resiliente” E isso “reduz um pouco o custo de uma casa”.

Se formos muitos com esse tipo de conhecimento, tenho certeza de que as construções serão resilientes, enfrentando as intempéries.

Hoje, com 24 anos e sem formação, não pára de sonhar. Quer trabalhar na sua comunidade para incentivar outros jovens.

“Tenho certeza de que um dia a minha comunidade vai ter um hospital. Quero ser enfermeiro daqui”, determinou.

“Vejo-me orgulhoso pelo que aprendi. Estudar não tem idade. Se tem oportunidade de estudar ou aprender, faça, outros não tiveram, por isso, valorize. Mas também não pare de trabalhar em qualquer coisa”.

Quiçá o Fundo de Desenvolvimento Económico Local (FDEL), recentemente lançado no distrito e na Vila de Nhamatanda, “bata-lhe” a porta, claro, depois de concorrer. (Muamine Benjamim).


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