Comunidades do monte Mabu buscam soluções sustentáveis para proteger sua floresta e construir um futuro resiliente

No coração da Zambézia, em torno da imponente floresta do Monte Mabu, um movimento
de esperança e transformação está em curso. Com o apoio da Justiça Ambiental,
as comunidades de Nvava, Limbue, Namadoe e Nangaze estão assumindo o protagonismo
na defesa dos seus recursos naturais e na construção de alternativas sustentáveis de meio
de subsistência.

Há cerca de 10 anos, estas comunidades trabalham no fortalecimento vêm fortalecendo
das suas associações comunitárias com o objetivo de gerir de forma autónoma e
responsável a floresta em sua volta. Agora, numa nova etapa deste compromisso, a Justiça
Ambiental está a realizar uma série de oficinas práticas e inclusivas, envolvendo
directamente pelo menos 100 membros destas comunidades ao longo dos meses de junho e
julho.

As oficinas abordam temas estratégicos que articulam saberes ancestrais e inovações
adaptadas ao contexto local, nomeadamente, (i) resgate de sementes locais para fortalecer
a soberania alimentar com espécies adaptadas ao solo e ao clima da região; (ii) sistemas
agroflorestais que geram alimentos e renda em harmonia com a floresta, conservando
ecossistemas; (iii) produção caseira de produtos alimentares e de limpeza, a exemplo do
sabão artesanal utilizando cinzas, um recurso acessível, para produzir um produto essencial
a baixo custo; (iv) uso sustentável de plantas medicinais no resgate de conhecimentos
tradicionais de forma a fortalecer a autonomia em cuidados de saúde; (v) processamento da
produção local (frutas e legumes), através de técnicas de secagem, fermentação, destilação,
pasteurização e armazenamento, qualificando a segurança alimentar e agregando valor à
produção sazonal e (vi) técnicas de bioconstrução com materiais locais incluindo fabrico de
fogões ecológicos de alta eficiência, que reduzem o consumo de lenha e as emissões de
fumo, protegendo a saúde e a floresta e trazendo melhoria para as condições de vida das
mulheres em particular.

Além de preservar a biodiversidade única do Monte Mabu, estas acções geram alternativas
concretas de renda e melhoram a qualidade de vida das famílias, diminuindo a dependência
da exploração predatória da floresta.

Este trabalho conta com a contribuição técnica das brasileiras Ana de Carli e Lisiane Brolese,
que trazem sua ampla experiência em bioconstrução e agroecologia voltada à resiliência
climática. Um destaque especial tem sido dado à componente de género, assegurando que
as mulheres — muitas vezes as principais guardiãs da floresta — tenham voz, formação e
poder de decisão nas transformações em curso.

Monte Mabu não é apenas uma montanha: é um símbolo de resistência, de sabedoria
comunitária e de esperança diante dos desafios globais das mudanças climáticas. Cada
oficina realizada é um passo firme na construção de um modelo de desenvolvimento local
que coloca a vida e a natureza no centro.

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