O alfaiate é um dos mais antigos no mundo da profissão. É aquele que com a sua mestria, oferece opções de tecido e realiza o meticuloso trabalho de corte e costura de vestuário. À semelhança das outras, este trabalho exige foco, vontade, determinação e saber fazer, por isso, há muitos, homens e mulheres por ou sem opção vivem disso.
Historicamente, o trabalho de alfaiate tornou-se mais desafiador pela falência da indústria têxtil local, obrigando importação em grande escala de roupa usada (famosa segunda mão), vindo de vários países, cuja economia de escala faz com que o vestuário chegue aos mercados a preços consideravelmente baixos.
O “Profundus”, em conversa com alguns pais, mães, filhos e jovens, exercendo a profissão, sentados, o dinheiro, vem conforme a mão-de-obra. É uma actividade que se espera ser realizada de forma honesta.
Adélia Jacinto, Titos Roque, Horácio Mazive, Agostinho Guambe e Castanheiro Mondlane fazem parte do universo de alfaiates que ganham a vida na cidade de Maputo, capital moçambicana. E estão atentos à moda e ao clássico, nunca desistem, apesar dos “espinhos”.
Titos Roque é natural da província da Zambézia, centro do país. É residente da cidade de Maputo, há 24 anos, graças ao início aos 10 anos de idade, da actividade de alfaiate.
“Aprendi com o meu pai. Em tenra idade, já conseguia mexer na máquina. Com o passar do tempo, passei a atender os clientes”, conta Titos Roque.
Como de quem tem arte nas mãos e apoio, Titos Roque ganhou do seu pai, uma máquina de costura em 2013. De lá a esta parte, já com casa própria, sustenta os seus quatros filhos, dos quais, um cursa Medicina, e os restantes, ensino básico. Vinha exercendo a profissão antes de material próprio.
“Todo trabalho requer paciência, porque onde há cliente, sempre há dificuldade”. É a dica de Roque, com 20 anos de experiência.
Horácio Mazive é um dos poucos jovens de 24 anos de idade, que gosta da profissão. “Aprecio muito esta actividade, desde criança. Com os meus 20 anos, entrei na formação de costura”.
Horácio Mazive não passa fome. “Com o pouco que ganho, consigo manter a base de sustentabilidade, assim como suprir as minhas necessidades pessoais”, explicou.
É um dos jovens que procura sobreviver por meios socialmente aceitáveis.
Castanheiro Mondlane, de 32 anos de idade, de Chibuto, agora em Maputo, viu-se frustrado com o sonho de ser agente da Policia da República de Moçambique (PRM), mas, na alfaiataria, há sucesso.
“Desde criança, tive o sonho de ser polícia, mas, infelizmente, não se concretizou. Deixei de estudar porque a minha família não tinha condições para eu continuar. Saí de Chibuto para Maputo [capital do país] à procura de alternativas, e quando cheguei, tive o privilégio de aprender a costurar. Hoje tenho o meu próprio equipamento, quatro filhos e casa própria”, frisou Mondlane.
Mulheres, também?
Quem pensa que a actividade de alfaiate é apenas para homens, está enganado.
Adélia Jacinto é uma jovem de 31 anos de idade. Residente no distrito de Marracuane, trocou de cabeleireira para alfaiata no mercado de Zimpeto.
Numa conversa descontraída, Adélia Jacinto contou que sem sonho de ser alfaiata, teve que “abraçar [há 8 anos] esta actividade, em homenagem” a sua irmã que acabou perdendo a vida.
Certos clientes duvidam das habilidades de Adélia Jacinto. “Alguns homens quando chegam, perguntam, se posso fazer conforme querem. Mesmo constrangida com a pergunta, eu digo que vou fazer muito bem ”. Descreve o ambiente diário na condição de mulher.
Além de ajudar a construir sua residência, neste momento, a jovem está a erguer a própria alfaiataria.
Acessibilidade de clientela
Agostinho Guambe representa outros. “Estamos a ser retirados pelo município [de Maputo]. Alegam que estamos no passeio e quase na estrada, mas não sabemos para onde ir, porque temos de estar perto das lojas que vendem vestuário para facilitar o contacto com os clientes que precisam dos nossos serviços”.
“Mesmo que o município nos retire, não desisto”, reitera o homem que há 15 anos exerce ali”.
Em dias de feriados, principalmente, de mulheres, os alfaiates facturam mais pela concorrência de serviços de bom caimento no corpo, essencial para proporcionar conforto e elegância. (Alfredo Armando).