Dondo: Filha confirma que matou a mãe por feitiçaria

Uma jovem moçambicana de 28 anos, localmente conhecida como curandeira no bairro Mafarinha, no distrito de Dondo, em Sofala, tirou a vida da própria mãe na última quarta-feira, alegando feitiçaria.

Segundo a indiciada, há dias enfrentava dificuldades relacionadas ao seu bem-estar físico (necessidades biológicas) e, acredita, tratar-se de um problema espiritual. Por causa disso, procurou ajuda junto de 14 curandeiros colegas.

Os colegas teriam apontado a mãe como a suposta responsável pelo seu sofrimento, o que a levou ao acto extremo, esfaqueando-a no braço e no pescoço.

“Matei a minha mãe. Já há meses sentia dores e procurava ajuda em curandeiros. Sempre me diziam que ela era a causa dos meus problemas. Fui tomada pela raiva e acreditei no que disseram”, declarou a suspeita, que diz estar arrependida.

O porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala, Honório Chimbo, confirmou a detenção da mulher, que se apresentou voluntariamente numa das subunidades policiais após o ocorrido. O caso é classificado pela corporação como “profundamente preocupante e associado a crenças supersticiosas”.

Segundo a polícia, a mulher relatou que procurou vários médicos tradicionais devido às dores persistentes e que, após ouvir sucessivas acusações contra a mãe, deslocou-se à residência da progenitora, onde ocorreu uma discussão familiar que terminou na tragédia. Depois disso, decidiu entregar-se às autoridades.

Chimbo considerou o caso um exemplo extremo dos riscos relacionados à manipulação e práticas supersticiosas. “Estamos perante um caso de superstição que terminou numa tragédia familiar. É grave quando uma filha chega ao ponto de tirar a vida da própria mãe.

Apelamos à sociedade para procurar o diálogo, a compreensão e o recurso a instituições formais”.

A PRM informou ainda que decorrem diligências para identificar os 14 curandeiros mencionados pela suspeita, a fim de apurar eventuais responsabilidades criminais.

“As nossas equipas estão a trabalhar para perceber quem são esses médicos tradicionais, que tipos de orientações lhe deram e podem-se ser responsabilizados. Se for provado que incentivaram ou manipularam a cidadã, poderão responder criminalmente”, disse o porta-voz.

Os autos já foram remetidos ao Tribunal Judicial do Dondo, a autora do crime permanece detida e aguarda pelo julgamento. (Narcísio Cantanha).


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