Em Moçambique já nem é preciso governo, porque o filho do povo virou tudo: é Ministro das Viúvas, Secretário das Lágrimas e Director-Geral da Esperança Perdida. O Estado? Esse está de licença sem vencimento desde 1975, só aparece para cortar fitas e prometer reabilitar estradas imaginárias.
Ajudas!
Primeiro, foi a viúva do Azagaia — aquele que cantava verdades até o sistema engasgar. Quando o homem partiu, o Estado desapareceu mais rápido que salário no fim do mês. Quem apareceu? Gabriel Júnior. O homem é político, mas governa com o coração e um microfone.
Depois veio a viúva do Shottas, morto barbaramente nas manifestações ou seja, assassinado a sangue frio. O próprio antes de morrer disse à esposa: “vai procurar o filho do povo”. E ela foi. E o filho do povo fez o que o pai do povo (leia-se governo) nunca faz — ajudou. Mobilizou o povo, chorou junto, recolheu contribuições, e ainda deu entrevista com um sorriso cansado de quem já paga dívidas alheias desde a independência.
Agora, mais fresco que pão de manhã, Gabriel ajudou a viúva do “advogado do povo”, o Dr. Elvino Dias, que levou 25 tiros a queima-roupa. Vinte e cinco! Parece que até o silêncio do Estado foi alvejado, porque até hoje nada foi esclarecido. Enquanto isso, o Moçambique em Concerto virou o Ministério das Obras Humanas — uma espécie de INAS paralelo, só que com alma e sem fundos públicos.
Este homem, sem orçamento do Estado, envia doentes para tratamento na Índia! Imagine só: o governo nem consegue mandar ambulância de Nampula para Maputo, mas Gabriel manda gente para Mumbai! E o mais bonito é que faz isso com boa vontade e uma lágrima contida, enquanto o governo finge que governa e o povo finge que acredita.
Se o bom senso tivesse carteira profissional, já teria fugido do país. Porque é vergonhoso ver um cidadão fazer o trabalho de um Estado inteiro — e ainda ser acusado de “politizar a dor”. Politizar a dor? Quem politiza a dor é quem a ignora!
Gabriel Júnior é o único moçambicano que trabalha de graça, dorme mal, e ainda é amado por isso. Se amanhã ele decidir ser Presidente, nem precisa de campanha: basta dizer “Boa noite, meus concidadãos” e o país inteiro vai responder “Amém, filho do povo!”
Enquanto os ministros estão ocupados a inaugurar placas, viajar para fora do país, fermentar relatórios, exigir regalias, montar discursos nas televisões, ele inaugura esperanças. E se continuar assim, o dia não está longe em que o povo vai cantar: “Gabriel Júnior, nosso guia supremo da empatia nacional”.
E o Estado? Continua lá, sentado, com cara de quem perdeu o manual do dever.
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