O Parque Nacional da Gorongosa (PNG) capacitou na última segunda-feira 25 agricultores da Associação MANJHA ASA PETZA em práticas para teste de poder germinativo de sementes agrícolas, no distrito de Dondo, região central de Moçambique.
No âmbito das acções de apoio à produção agrícola no povoado de Samba Nhou, posto administrativo de Savane, na província de Sofala, a técnica do sector de agricultura do PNG, tem vindo a promover formações práticas com agricultores, destacando a importância do teste de poder germinativo antes da sementeira.
As iniciativas do PNG visam garantir que os agricultores conheçam a qualidade das sementes que utilizam, prevenindo perdas e assegurando melhores colheitas.
As culturas abrangidas nesta prática de avaliação do poder germinativo são o gergelim, o milho, o feijão nhemba, o feijão vulgar, o amendoim e o feijão-bóer.
Na ocasião, a técnica de agricultura no PNG, Albertina Juga, explicou que o teste de poder germinativo é um procedimento fundamental para assegurar a qualidade das sementes utilizadas pelos produtores. “Serve para avaliar a capacidade que uma semente tem de germinar”, permitindo ao agricultor tomar decisões mais informadas sobre o momento e a viabilidade da sementeira.
“O processo [avaliativo do poder germinativo] é realizado 100 % para que o agricultor saiba, antes de semear no campo definitivo, se a semente irá germinar e, caso positivo, qual a percentagem de germinação que apresenta”, disse Albertina Juga.
Este teste não é apenas útil quando as sementes são oferecidas pelos programas de apoio [do PNG], mas também quando o produtor as adquirir no mercado.
“Hoje nós estamos a oferecer a semente, mas amanhã o produtor vai comprar na loja. Quando for comprar, antes de semear, ele deve saber qual é a percentagem de germinação. Se não germinar, terá base para reclamar ao vendedor”.
O procedimento é relativamente simples num pacote de 5 kg de milho, por exemplo, retiram-se 100 sementes que representam 100% da amostra e procede-se à germinação em condições controladas. “Se 70 dessas sementes germinarem, conclui-se que o lote apresenta 70% de poder germinativo”. Esta técnica é aplicada a todas as culturas, respeitando o tempo específico de germinação de cada espécie. “Dependendo do tipo de semente, contamos a partir do primeiro dia e fazemos o controlo da germinação. Por exemplo, o milho leva apenas três a quatro dias para começar a emergir”.
Ainda explica no processo germinativo, “no primeiro dia, contamos quantas sementes saíram e assim por diante, o que também nos ajuda a perceber quanto tempo a semente leva para germinar”, explicou Juga.
Para as áreas de sequeiro, recomenda-se a produção de milho, amendoim, feijão-bué e feijão-nhemba, culturas adaptadas às condições locais. E para as zonas irrigadas, as culturas mais indicadas são cebola e tomate, enquanto o repolho tem apresentado baixos rendimentos devido aos solos arenosos.
No campo experimental onde decorrem as actividades, “já se verificam bons resultados no feijão-nhemba e no milho”.
O amendoim continua em avaliação, aguardando os resultados do teste de germinação nos próximos dias.
Segundo, Arlindo Mucacana afirmou ter aprendido sobre a importância de avaliar as sementes antes da plantação. “Aprendi que é uma forma de avaliar a semente que nos é dada. Então, a primeira coisa é avaliar o poder que a semente pode trazer no campo e ver que tipo de semente corresponde com a nossa terra”, explicou.
Antes desta capacitação, a prática era diferente. “Recebíamos as sementes e lançávamos na terra. É aí onde havia dificuldades de não germinar, afinal de contas, era a falta desta avaliação que não trazia uma colheita satisfatória. Já passamos a conhecer qual semente lançar”, concluiu.
Antónia José, outra agricultora, afirmou que a formação representou um ganho importante, permitindo-lhe aprender a avaliar a qualidade das sementes antes da sementeira. “Já tivemos muitos prejuízos ao lançar sementes nas nossas machambas e não nascer nada. Agora conheço algumas das vantagens desse processo”, disse.
Antónia José lembrou antes de conhecer a técnica, lançava as sementes directamente aos campos de produção agrícola, uma ou outra germinava, o que resultava em perdas, sobretudo na produção de milho. (Narcísio Cantanha).
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