Anualmente, é celebrado o Dia Mundial do Abutre, no primeiro sábado de Setembro. O Parque Nacional da Gorongosa comemorou o evento juntando centenas de pessoas das comunidades da sua Zona de Desenvolvimento Sustentável, envolvendo-lhes em acções concretas de Conservação como um chamado urgente para proteger o animal que mantem limpa a Natureza.
O abutre enfrenta inúmeras ameaças de extinção, incluindo a caça ilegal, perda do habitat, envenenamentos e colisão na linha de transporte de energia eléctrica. Em datas comemorativas, centenas de zoológicos, aviários, reservas naturais e refúgios de aves no mundo inteiro participam todos os anos em actividades divertidas e informativas sobre abutres, ajudando a todos a aprender o quão interessantes e valiosas são essas aves. É o caso da Gorongosa.
O abutre é uma ave necrófaga muito bem-sucedida na natureza, são denominados abutres ou abutres-do-velho-mundo algumas aves pertencentes à família Accipitrídea a mesma família das águias, tratando-se, portanto, de uma ave de rapina que se alimentam basicamente da carcaça de outros animais, é um animal de hábito necrófago, ou seja, que se alimenta de animais mortos e essas carcaças são restos de carnes que outros animais deixaram. Raramente esses animais comem presas vivas. No entanto, são observados casos de abutres que cercam animais moribundos.
O PNG pretendia na sua Zona de Desenvolvimento Sustentável, mobilizar os munícipes, membros do governo, a comunidade escolar e as comunidades locais a participarem nas acções de preservação ambiental; consciencializar e sensibilizar a população para aderir às boas práticas conservacionistas do meio ambiente; promover acções focadas a mudanças de comportamentos em relação a conservação do meio ambiente para o bem-estar comum, reduzindo os impactos nocivos resultantes da sua degradação contra a vida dos abutres. Para tal, nas comemorações foram envolvidas mensagens práticas de Conservação, por via de teatro, canções e plantio de árvores.
Segundo o gestor do Programa de Educação para Conservação do PNG, Dáglasse Muassinar, esta data tem como objectivos sublinhar a importância ecológica do abutre e chamar a atenção às comunidades para o perigo de extinção de determinadas espécies de abutres.
A Gorongosa mobilizou a comunidade escolar e as comunidades locais para uma acção conjunta no processo de preservação e conservação do abutre; consciencializar e sensibilizar sobre a importância ecológica do abutre e promover acções que visam a mudanças de comportamentos das comunidades relativamente ao animal.
Para que conservar o abutre?
Os abutres são animais encontrados na encontrados na África, Ásia e Europa, sendo observados geralmente em regiões abertas, como pastagens e savanas; são aves de rapina que se alimentam de animais mortos, normalmente, essas carcaças são restos de carnes que outros animais mataram; controlam a disseminação de doenças como a raiva e antraz e são a verdadeira equipa de limpeza da Natureza.
Embora a espécie abutre não tenha a aparência atraente de algumas espécies, ainda é uma peça fundamental para um ecossistema saudável.
Em muitas culturas do mundo, particularmente nas sociedades ocidentais, os abutres são vistos com desprezo, como sujas, feias e pouco higiénicas, deixando de reconhecer a sua importância. Enquanto, pessoas de outras culturas, cuidam do animal, os habitantes do planalto Tibetano (na China), são exemplos.
Naquela cultura, os abutres fazem parte dos costumes funerários tradicionais. As pessoas não são enterradas após a morte como um meio de controlar doenças infecciosas evitáveis. Em vez disso, os mortos são colocados para descansar no céu.
Os monges preparam os corpos dos mortos e os colocam em plataformas para chamar a atenção dos abutres próximos. Os abutres descobrem esses corpos humanos, ingerindo-os e levando-os para o céu. Muitas pessoas vêem isso como uma boa acção final, pois o falecido é capaz de oferecer algo a outra criatura viva antes de ir descansar no céu. Esta prática não é exclusiva do Tibete, no entanto, evidências históricas sugerem que tem sido praticado por culturas de todo o mundo por mais de 11.000 anos.
Ameaças ao abutre
Envenenamento: uma prática comum de muitos caçadores ilegais é envenenar através de toxinas ou chumbo as carcaças deixadas para trás depois de remover presas e chifres de elefantes e rinocerontes, os caçadores furtivos fazem isso para matar os abutres.
Outros perigos incluem colisões de carros, pois eles se alimentam de mortos em estradas
Eletrocussão por colisões com linhas eléctricas: são uma das principais causas de mortalidade não natural nas aves.
Os abates ilegais: perseguição directa pelos caçadores e colectores foi um problema no passado. Porém, actualmente, ocasionalmente alguns abutres são intencionalmente abatidos pelo preconceito infundado de serem predadores
Redução da disponibilidade alimentar: o abandono das práticas agrícolas tradicionais tem tido um efeito negativo no número de abutres, pois levou a um acentuado decréscimo no número de cabeças de gado disponíveis. Acresce o facto de existir uma legislação que obriga os proprietários de gado e animais de criação a enterrar os cadáveres destes animais. Estes cadáveres seriam um alimento natural para os abutres.
A degradação dos habitats: a alteração dos habitats onde o abutre se reproduz está associado a destruição das florestas nativas e o reflorestamento com espécies exóticas (por exemplo, os eucaliptos), o derrube de árvores durante a época de reprodução, estas actividades causam perturbação nas zonas de reprodução e o abutre é extremamente sensível à presença humana em que pode abandonar os ovos ou mesmo as crias.
Queimadas descontroladas: com as queimadas descontroladas ocorrem frequentemente e com as práticas agrícolas tradicionais, têm um efeito devastador no habitat do abutre, podendo destruir zonas de nidificação de colónias desta rapina.
Falta de conhecimentos e mitos: existe uma grande falta de conhecimento generalizada sobre os abutres e, ainda acrescem as diversas histórias e fantasias depreciativas relacionadas com o tema “a morte” associadas a estas aves.
Medidas para proteger o abutre
Campanhas educativas para sensibilizar e consciencializar as populações locais sobre a importância e o valor do abutre e sessões de esclarecimento com agentes locais e criar planos que minimizem os efeitos do uso de produtos químicos tais como pesticidas, fungicidas, etc; criação de regulamentações que controlam a abate e a venda de abutres; realização de pesquisa que mostram o papel dos abutres no ecossistema; maior controlo e regulamentação devidamente fiscalizada das actividades humanas, tais como: agricultura, pecuária, mineração, etc; evitar a caça furtiva; evitar o abate das árvores; evitar as queimadas descontroladas e evitar a poluição das águas. (Muamine Benjamim).
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