Anualmente, comemora-se a 11 de Outubro, o Dia Internacional da Rapariga, o que leva o Parque Nacional da Gorongosa (PNG) a fazer palestras para tornar a menina o centro das atenções do seu futuro, através do Programa Clube da Rapariga. Este ano, as comemorações centrais foram realizadas em Chitengo (Gorongosa), juntando centenas dos seis distritos (Nhamatanda, Gorongosa, Muanza, Dondo, Cheringoma e Maringué) para partilharem experiências com vozes de, por exemplo “sou rapariga, sou mudança, tenho sonhos, sou importante, sou capaz e acredito”.
A lista de violações de direitos nas comunidades ao redor do PNG, inclui uniões prematuras, gravidez indesejada de menores, violência doméstica, violência baseada no género e abuso sexual. Contra estes males que vitimizam as raparigas, o Parque viu-se obrigado a criar mecanismos de intervenção estratégica. Assim nasceu o Programa Clubes da Rapariga, em 2016.
O Clube da Rapariga não é simples lugar onde as meninas aprendem conteúdos de literacia, numeracia, mas também a diversificação de habilidades para a vida, aprendem a sonhar e a seguir sonhos, a se inspirar, a dizer não a união forçada e prematura. Afinal, serve de refúgio para quem pensa que o mundo é tão cruel sem saída.
Apesar do Dia Internacional da Rapariga juntar todos os seis distritos onde são implementadas as iniciativas do PNG, cada distrito com as respectivas promotoras replicaram o evento.
O caso de Muanza
Muanza juntou dezenas de raparigas locais.
Na ocasião, a promotora do Clube da Rapariga da Escola Básica de Derunde-linha, Adélia Sebastião, disse que as raparigas sejam exemplares nas comunidades, fruto da aprendizagem, empenhando-se nos estudos e lutando contra as uniões prematuras.
Adélia Sebastião, esta data busca sensibilizar para a necessidade de igualdade de género, o combate a práticas nocivas como casamentos precoces e o empoderamento das raparigas como agentes de mudança social.
“ [Já] é difícil ouvir, como antes, que naquela comunidade tem casos de uniões prematuras; e não há muita desistência escolar porque o que ensinamos as crianças aprendem e falam para os pais ou encarregados de educação [as boas práticas comportamentais para a integridade das raparigas]. Vejo que há muita melhoria”, avaliou a promotora do Clube da Rapariga em Muanza.
Inicialmente, a aceitação do Programa na comunidade era receosa porque não tinham informação exacta sobre a importância de incentivarem os seus filhos a participarem nessas actividades. Entretanto, agora os pais já notam mudanças de comportamento das raparigas, existe boa colaboração com os implementadores.
A rapariga da Escola Primária de Muanza-sede, Dayane Atimala Baptista partilhou a sua experiência: “Aprendemos a não se envolver em uniões prematuras, a conservar o meio ambiente, a respeitar os mais velhos e aprendemos também que as crianças têm o direito à expressão”.
Dayane Atimala Baptista apontou o sonho de continuar a estudar e conservar o meio ambiente. “Não se envolver [em uniões agora], escola em primeiro lugar”.
O Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJT) de Muanza, através da Chefe de Repartição de Educação Geral, Sónia Mosesse Goba, avaliou que em termos de educação da rapariga, o distrito está numa fase avançada.
O sector criou um grupo de pontos focais em todas as escolas para lidarem com as raparigas que aprendem os seus direitos, sobre abuso sexual, prevenção de doenças de transmissão sexual, a importância da escolarização feminina e criam debates.
“Esperamos que acatem a informação para conseguirmos consciencializá-las, observando a inclusão e apelando aos pais a não reterem as raparigas com deficiência”, disse a representante do SDEJT de Muanza
Em Muanza, o Programa do Clube de Rapariga do PNG opera em nove escolas nomeadamente, EP Nhamatica, EP Mueredze, EP Muanza-Sede, EP 13 de Janeiro, EP Muanza Baixo, Escola Básica de Derunde-Linha, EP Semacueza, EP Mussapaswa e EP Muzimbite, envolvendo 40 raparigas e 10 rapazes por cada Clube.
Muanza conta com 90 rapazes e 360 raparigas nos Clubes da Rapariga. (João Cipriano).
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