O Parque Nacional da Gorongosa (PNG), na última quinta-feira, em comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 Junho, levou “soluções para a poluição plástica” nas comunidades. Entre jovens, adultos, idosos, instituições governamentais e privadas, em massa, confiaram na máscara, luva, bota, vassoura, ancinho, pá, contentores de lixo entre outros materiais para fazer a limpeza e recolha de todos os plásticos e outros resíduos sólidos na Zona de Desenvolvimento Sustentável do Parque.
O PNG tem implementado actividades rotineiras para consciencializar as comunidades locais sobre os recursos escassos e a sua gestão sustentável, protegendo o Meio Ambiente. Só ontem, por exemplo, nos seis distritos considerados Zonas de Desenvolvimento Sustentável, nomeadamente, Nhamatanda, Gorongosa, Dondo, Cheringoma, Dondo e Maringué, envolveram-se em actividades de sensibilização através de palestras, limpeza nas comunidades, peças teatrais sobre as melhores práticas ambientais, plantio de várias espécies de árvores, além de marcha com mensagens sobre a conservação do meio ambiente.
O Dia Mundial deste ano celebrou-se sob o lema: “soluções para a poluição plástica”. Estas soluções existem localmente sem precisar de recorrer a altos custos de investimentos, contando com o envolvimento de membros das comunidades e todos os outros utilizadores dos recursos naturais disponíveis.
Na ocasião, o Clube de Jovens fez uma peça teatral revelando como de forma prática pode-se conservar o lixo em lugares próprios, especificamente o plástico que dura cerca de 400 anos para apodrecer.
Uma das principais fontes de poluição por plástico são os produtos de plástico de uso único, que não circulam na economia, sobrecarregam os sistemas de gestão de resíduos e acabam por chegar ao ambiente. Alguns dos produtos mais comuns são garrafas de água, recipientes dispensadores, sacos de takeaway, talheres descartáveis, sacos de congelamento e embalagens de esferovite.
Em Nhamatanda, o supervisor de Relações Comunitárias do Parque Nacional da Gorongosa, Chico Júlio Fagema, destacou a importância de encontros de sensibilização comunitária, enfatizando que o Parque, sozinho, não consegue gerar todas as mudanças necessárias.
Esses encontros são cruciais para comunidades como o bairro de reassentamento de Kura, que ainda enfrenta os impactos das mudanças climáticas decorrentes do ciclone Idai em 2019. O principal objectivo é consciencializar os participantes de que a responsabilidade ambiental é partilhada. A ideia é que, se cada indivíduo fizer a sua parte, será possível construir um ambiente saudável e livre de plástico.
As partículas de plástico podem abrandar o crescimento do fitoplâncton marinho, a base de muitas cadeias alimentares aquáticas. Além disso, muitos peixes ingerem plásticos por engano, enchendo os seus estômagos com fragmentos não digeríveis e acabando por morrer de fome.
Segundo as Nações Unidas, em 2024, o mundo gerou cerca de 400 milhões de toneladas de resíduos plásticos no último ano. Este fluxo contínuo de de garrafas de água e frascos de champô, recipientes dispensadores, camisolas de poliéster, tubos de PVC e outros produtos de plástico faz parte de uma crise de poluição por plástico que, segundo especialistas, está a devastar os ecossistemas, a expor as pessoas a poluentes potencialmente nocivos e a agravar as alterações climáticas.
O ciclo de vida do plástico também contribui para as alterações climáticas. A produção de plástico, um processo com elevada exigência energética, foi responsável por mais de 3% das emissões globais de gases com efeito de estufa em 2020, segundo estimativas.
A forma de combater a poluição por plástico é ir além da reciclagem e encontrar formas de limitar os impactos ambientais e de saúde causados por esta poluição. Isto implica analisar todas as fases da vida dos produtos – produção, concepção, consumo e eliminação – através de uma abordagem de ciclo de vida. Na prática, significa reduzir a dependência de plásticos de uso único, redesenhar produtos para que sejam mais duradouros, seguros, reutilizáveis e recicláveis, procurar alternativas e evitar que estes escapem para o ambiente.
Neste momento, a Gorongosa espera que as actividades implementadas no Dia Mundial do Meio Ambiente, os munícipes de Kura repliquem-nas, sendo um novo bairro no Município de Nhamatanda. “Desde o plantio de árvores nativas e fruteiras [ao uso de material reciclável – o caso de saco de capulana ao invés de plástico].
Os resíduos tais como, máscaras, garrafas, pontas de cigarro, papel, sacos e plásticos juntam-se aos 9 milhões de toneladas de lixo lançado todos os anos nos rios, lagos, mares e oceanos, o que representa 285 quilos por segundo, onde, 80% destes resíduos provém da terra e é transportada para os oceanos pelos rios.
Se nada for feito para travar este fluxo, estudos científicos e estatísticas da ONU prevêem que, em 2050, haverá mais plástico do que peixe nos oceanos. É por isso que é tão importante tomar medidas e colocar os resíduos no seu lugar e chamar à consciência de cada um para ser vigilante e responsável pela limpeza do ambiente em que se encontra inserido.
A Gorongosa através do Programa de Educação para Conservação pretende que as comunidades tenham informações relevantes sobre os impactos das acções do Homem sobre o Meio Ambiente e que estejam conscientes relativamente ao uso dos recursos naturais, por isso, cada ano, um tema é debatido amplamente, incluindo campanhas que mobilizam não apenas o cidadão comum, como também governantes, sector privado e empresas para boas práticas ambientais. (Muamine Benjamim).