O conflito entre Homem e fauna bravia continua a merecer preocupação no distrito de Dondo, em Sofala. Recentemente, os agricultores mostraram preocupação pela invasão de animais aos seus campos agrícolas, no povoado de Chissange, distrito de Dondo.
Existem famílias que dependem da agricultura, mas os crocodilos e elefantes são os que mais criam desafios de produção agrícola ao invadirem os campos, criando dificuldades para a sobrevivência, apesar de também receberem apoio com programas integrados do Parque Nacional da Gorongosa e do Governo.
Na lista de culturas mais devastadas, consta o milho, mandioca, tomate, batata e outras que garantiam a alimentação frequente e o rendimento das famílias.
Igualmente, estão no rol das destruições pelos animais, residências construídas com o material precário, próximo dos campos de produção.
“O conflito entre os animais e a população é um problema sério e está a dar dor de cabeça às comunidades. Estamos a sofrer depois de perdermos as colheitas. No mês passado, um indivíduo foi atacado por um crocodilo aqui na comunidade e até agora não há solução”, disse o secretário de Chissange, José Samuel.
O líder de Chissange relatou que o governo garantiu resolver a situação junto do Parque Nacional da Gorongosa, mas o problema se mantém.
Segundo Samuel, as famílias já não têm o que comer e o impacto das mudanças climáticas agravou ainda mais a crise. “Há três anos que as famílias não tiram comida suficiente. As chuvas caíram tarde, o arroz foi colhido em pouca quantidade e outras famílias fazem apenas uma refeição por dia e, às vezes, cozinham apenas abóbora”, disse, chamando urgência à intervenção.
A autoridade local disse que não há ataques a casas, mas nas machambas várias habitações foram destruídas, as pessoas estão a fugir para zonas mais seguras.
Este ano, a produção do milho foi fraca.
“Agora os elefantes estão a tirar o pouco que sobrou, eles comem tudo: tomate, batata, banana, nhemba e milho. Trabalhamos muito, mas os animais não deixam nada. Ano passado passei com fome e este ano o cenário repete-se. Estamos a pedir apoio”, disse a agricultora Joana Ganunga, apontando a produção fraca do milho, este ano, influenciado igualmente pelas mudanças climáticas.
“Vamos sair desta zona porque os animais estão a destruir tudo. As pessoas de Macuenguere e Sarauta já estão a fugir. As nossas machambas foram devastadas e não temos o que dar às crianças, o galão de milho custa 150 meticais e não há emprego. É muito difícil viver assim”, desabafou.
Chissange comunidade exige intervenção coordenada e urgente do governo e do Parque Nacional da Gorongosa para travar os ataques de animais e garantir produção agrícola. (Narcísio Cantanha).
Discover more from Jornal Profundus
Subscribe to get the latest posts sent to your email.