Lixo: A imagem habitual de mil palavras de Cheringoma

A vila de Inhaminga, a capital do distrito de Cheringoma na região norte de Sofala está a viver momentos menos bons devido à fraca capacidade de recolha e tratamento de resíduos. E do outro lado, a malária ganha espaço com registo médio de 72 casos diários.

O distrito de Cheringoma, especificamente, a vila de Inhaminga é o centro de todo tipo de actividades de saneamento, conservação ambiental e engajamento comunitário e outras áreas, envolvendo capacitações, principalmente promovidas pelo Parque Nacional da Gorongosa.

São actividades recentemente implementadas em datas comemorativas, Dia Mundial da Floresta, 21 de Março; Dia Mundial da Biodiversidade, 22 de Maio; e Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de Junho, nas quais parceiros como o Parque Nacional da Gorongosa e o Governo de Cheringoma promovem actividades de saneamento, além de que existem também acções temporárias com o Clube de Jovens e Clube Ambiental. Mas o que se vê nas artérias da Vila de Inhaminga tende a não efectiva mente espelhar estas aprendizagens e experiências. Seria pela insuficiência de recursos de quem deve mobilizar acções concretas, desleixo ou insuficiência de estratégias de actuação para garantir a “casa do actual Presidente, Daniel Chapo, atractiva pela beleza?

O director distrital do Serviço de Planeamento e Infra-estruturas (SDPI) – Cheringoma, em contacto telefónico, disse que está a reinventar-se para garantir o seu funcionamento. E já no segundo semestre de 2025, ainda não recebeu nenhuma dotação orçamental para o seu funcionamento.

Já o chefe da Repartição de Gestão Ambiental no SDPI, Inoque Manuel Nota, evoca a exiguidade de recursos humanos, financeiros e materiais para um trabalho mais eficiente. Entretanto, com as condições locais e cooperação institucional é possível fazer mudanças de impacto visual de Inhaminga.

Com efeito, em quase todas as esquinas da Vila de Inhaminga, encontram-se entulhos de lixo que tempos em tempos são in cinerados em plena luz do dia, in dependentemente dos efeitos colaterais do tal acto.

Os locais onde menos se imagina que poderiam ser repositórios de lixo incluem as bermas da Estrada Nacional Número 282, no troço que atravessa a vila, a Praça dos Continuadores, a rua que passa em frente ao Banco local, e que mais adiante passa ao lado da Escola Básica 25 de Setembro, atravessando de pois a Rua número 1, assim como um espaço adjacente a um empreendi mento hoteleiro em frente ao edifício do Governo. Neste último e porque o lixo é incinerado em plena luz do dia o fumo alcança o edifício do governo distrital o que logicamente afecta os funcionários e os demais no local. São locais de privilégio, mas o lixo tem os seus efeitos por conta da acção humana.

Contudo, a explicação oficial indica que esses são alguns dos lugares transitórios de deposição de lixo que por vezes é removido para a lixeira distrital situada a uns seis quilómetros da sede distrital.

Outros focos de depósito de lixo que destoam situam-se junto às bancas próximo da estação dos Caminhos de Ferro de Moçambique, o local que serve como paragem de viaturas para a cidade da Beira e dentro do perímetro do mercado local mais concretamente à volta do único balneário público onde contrariamente às informações do Chefe da Repartição de Gestão Ambiental o lixo fica por mui to tempo indicando como espaço de deposição definitiva.

Chama ainda atenção o caso da parte traseira dos alpendres que funcionam como oficinas de motorizadas e bicicletas próximo da passagem de nível. Neste lo cal, sob pretexto de tapar uma cova que havia, vai sen do entulhado mui to lixo até fora da área que era a tal cova.

Estranhamente os que trabalham no local não aceitaram registar suas imagens nem declarar a sua identificação, mas sob anonimato lamentaram a atitude, condenando a deposição de lixo bem perto do local onde exercem as suas actividades. “Para aqui, são trazidos os mais diversos tipos de resíduos. Fraldas descartáveis, produtos em putrefacção e mais coisas que quando chove causam-nos um mal-estar devido ao cheiro nauseabundo que se liberta” foram as declarações de uma senhora que vende produtos comestíveis por perto. Saúde pública em causa.

Mais para o centro da vila, um cidadão que também preferiu o anonimato disse que perto do local onde pratica as suas actividades de venda, há muito lixo que é acumulado. “A recolha que se faz só é aparente. Na parte traseira destas barracas há muito lixo acumulado que nos in comoda pelo mau cheiro, mas não podemos falar pois corremos o risco de sermos rotula dos”.

Há uma saída com a Gorongosa

 

O PNG, através do seu gestor de Educação, de Zondai Hlungwani, destaca a sua participação em campanhas de limpeza, ensina aos alunos de algumas Escolas Primárias como aproveitar aquilo que habitualmente se descarta como é o caso de garrafas plásticas e de vidro bem como a produção de carvão a partir de papel.

Já no Centro de Educação Comunitária construí do pelo PNG a ser inaugurado em breve, vai fazer o processamento de resíduos para produzir compostos que mais tarde serão utilizados como fertilizantes na produção de hortícolas no mesmo lo cal

 

Árvores de sombra, poda ou mutilação?

Inhaminga, que já ocupou o lugar de segunda cidade da província de Sofala depois da Beira, tem um dos melhores desenhos de ordenamento. Nessa altura a cidade era dividida em duas zonas distintas:

A Este pertencente à companhia privada ferroviária Trans-Zambeze-Railways Com pany (TZR) que mais tarde seria intervencionada pelos Caminhos de Ferro de Moçambique que herdaram todo o seu património local. As ruas deste lado da vila eram todas asfalta das e estão ladeadas de árvores de sombra, acácias maioritariamente, raras são as lembranças do ano em que foram poda das, para dar espaço aos candeeiros públicos, pois, já ofuscam a iluminação das ruas.

Do lado Oeste da vila, onde predo mina o comércio, apenas uma rua está asfaltada. Há acácias, umas novas, outras nem tanto. Este é o lado onde a assistência na poda é mais assídua e então levanta outro questionamento: o que é podar uma árvore de sombra? É, durante alguns meses, tirar-lhe a capacidade de dar sombra ou é eliminar os ramos e galhos que se mos trem inconvenientes?

É que quando chega a época da poda, as acácias ficam literalmente mutiladas e Inoque Nota sustenta que assim se age para evitar a queda de flores e folhas que vão constituir lixo que seria difícil de remover porque o SDPI só conta com dois funcionários para essa tarefa.

Num Distrito onde já há alguns funcionários graduados pelas Universidades deste País em Gestão Ambiental não parece fazer sentido que não sejam aproveitados esses saberes para o bem comum que seria, neste caso, manter a vila de Cheringoma linda, atractiva e bem organizada.

 

A limpeza precisa de Chapo?

Habitualmente, apesar de temporária, sempre que há visita do Chefe de Estado, o local acolhedor torna-se paraíso em um segundo. Ora, Inhaminga viu nascer o actual Presidente, Daniel Francisco Chapo. Chapo nasceu a 6 de janeiro de 1977 no posto administrativo de Inhaminga, distrito de Cheringoma, em Sofala, actual Vila de Inhaminga.

Filho de Francis co Chapo (faleci do), trabalhador ferroviário, e de Helena dos Santos Chiremba, doméstica, Daniel Chapo é o sexto filho de 10 irmãos. “Um fi lho volta à casa”, a solução dos recursos apontados pelo SDPI, será por Chapo? Do outro lado, a malária já preocupa o governo local, levando-lhe a promover palestras de boas práticas contra a doença nas comunidades, além de distribuir as redes mosquiteiras. O responsável do Programa de Controlo da Malária no Serviço Distrital de Saúde Mulher e Acção Social de Cheringoma, António Tomé Caetano, explicou que a “tendência é de aumento de casos. Todos os dias, em média, rondam 72 casos”. Só no primeiro trimestre de 2025, houve sete mortes por malária. Comparativa mente ao período de 2024, houve aumento de 90 casos em 2025. “Tive mos 6.407 e 6.497”, respectivamente, resultando, numa média diária de 72 casos de malaria, revelou António Caetano depois de uma palestra em maio. (Ricardo Mapoissa).

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