O Ministério Público (MP) em Sofala está a alertar a existência de casos de tráfico de menores para exploração sexual na vizinha África do Sul. Na sua maioria menores de 15 anos estão envolvidos, com destaque para os distritos localizados pela Estrada Nacional Número Seis (EN6).
Segundo o MP, na região central de Moçambique, Sofala, os traficantes atraem as suas vítimas e prometem oportunidades de emprego, formação e melhores condições de vida fora do país.
A magistrada do Ministério Público e coordenadora do Grupo de Referência para a Protecção da Criança e Combate ao Tráfico de Pessoas e Emigração Ilegal na Procuradoria Provincial, Clara Rodrigues, explicou que as vítimas na sua maioria são menores de 15 anos, recrutadas por pessoas próximas ou até mesmo membros da família.
A declaração foi feita no dia 30 de junho, na cidade do Dondo, por ocasião do Dia Mundial de Luta contra o Tráfico de Pessoas, onde se fazia acompanhar pela Procuradora-Chefe da Procuradoria Provincial de Sofala, Carolina Azarias.
“Até ao final do mês de julho deste ano, em termos de processos registados de tráfico de pessoas na província de Sofala, não tivemos nenhum. No entanto, há várias denúncias de focos de tráfico, e estas denúncias ainda estão a ser investigadas por forma a recolher elementos probatórios suficientes”, para posteriormente a respectiva responsabilização criminal, disse.

Em Sofala, os distritos com denúncias de focos de tráfico de pessoas incluem, Chibabava, Nhamatanda, Muanza, Marínguè, Chemba, Machanga e Dondo.
“O nosso trabalho passa por investigar com profundidade e, caso haja provas suficientes, instaurar processos e levar os presumíveis traficantes ao banco dos réus,” explicou Clara Rodrigues.
Apesar da ausência de processos judiciais, a magistrada confirmou que existem sinais preocupantes em alguns distritos da província, onde foram reportadas situações suspeitas destacando como um dos exemplos o distrito Chibabava.
“Temos conhecimento de alguns casos possíveis de tráfico de pessoas. Daí que uma equipa do Grupo de Referência Provincial deslocou-se no dia 30 ao distrito [Chibabava] para realizar uma marcha de repúdio ao tráfico de pessoas e sensibilizar a comunidade,” explicou Clara Rodrigues.
Segundo Clara Rodrigues, “os distritos situados ao longo da EN6 são os que mais nos preocupam, exactamente por causa da questão do transporte. Chegam a ser distritos de passagem de possíveis pessoas traficadas,” reconhece, igualmente que há limitações logísticas e pouca denúncia, o que dificulta a intervenção imediata.
Embora o ano de 2024 não tenha registado casos formalizados, há histórico de tráfico de pessoas em Sofala, onde o último caso ocorreu no distrito de Marromeu em 2023, envolvendo duas menores.
“O último caso de que temos conhecimento ocorreu em 2023, e envolvia duas crianças do distrito de Marromeu que foram traficadas para a África do Sul. Graças à intervenção coordenada do Grupo de Referência a nível nacional, provincial e distrital, as crianças foram resgatadas e reunificadas com as suas famílias”.
O mais recente caso aconteceu em 2025. “Em junho deste ano, conseguimos reunificar na cidade da Beira uma moçambicana que havia sido traficada para a África do Sul, onde era explorada em trabalho forçado” sublinhou que foi reintegrada com o apoio das instituições competentes. (Narcísio Cantanha).
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