Por Rosário Ntepa
A morte de um padre por suicídio é uma dor imensa e, ao mesmo tempo, um grito silencioso que a Igreja não pode ignorar. É como se, de repente, caísse a cortina do que muitos não querem ver: que por trás da batina há um homem. Um homem que ama, que serve, que dá a vida — mas que também sente, sofre e, às vezes, se esgota.
O sacerdote não deixa de ser homem ao ser ordenado. Ele continua tendo corpo, mente, alma, limites e fragilidades. Ele sente solidão. Ele carrega o peso de decisões difíceis, a responsabilidade de conduzir uma comunidade, o olhar crítico constante. Às vezes, tudo isso sem ninguém com quem desabafar de verdade.
O padre é muitas vezes cobrado por ser irrepreensível, sorridente e perfeito: Se ele parece cansado, julgam; e se recolhe, criticam; se não visita todas as casas, é acusado de preferência; e se busca ajuda, dizem que é fraco. Mas quem carrega a cruz sem Cireneu pode desabar.
No sábado, 5 de julho de 2025, padre de 35 anos, Matteo Balzano, da Diocese de Novara (Itália), foi encontrado sem vida na residência paroquial. Segundo as informações oficiais, tirou a própria vida.
Naquela manhã, os fiéis esperavam pelo padre Matteo para a missa, mas não apareceu e não atendeu ao telefone. Seu corpo foi encontrado no apartamento anexo à paróquia.
Antes do seminário, Matteo era especialista aeronáutico. Na Diocese, actuou em diversas paróquias e no Centro Vocacional Diocesano. Era um jovem cheio de sonhos e vontade de servir a Deus.
Os Sacerdotes são homens que, de forma livre, abraçam a missão de tornar Deus presente no mundo. São pessoas de quem muito se espera e pouco se perdoa.
Trata-se de uma notícia que deveria provocar uma séria reflexão: a urgência de apoio psicológico, de proximidade entre padres e de cuidado dos superiores. Há sofrimento entre os clérigos, e muitas vezes, é silenciado. Quando a tragédia acontece, chora-se. Mas já é tarde.