O Programa “Desenvolvimento Sustentável de Meios de Subsistência para as Comunidades da Zona de Desenvolvimento Sustentável”, em inglês Sustanaible Livelihoods Development Program (SLDP), através do respectivo Gestor de Impacto e Director de Programas do Parque Nacional da Gorongosa (PNG) foram ao campo para ver em loco os impactos das acções implementadas no sector de agricultura, na localidade de Bebedo, interior do distrito de Nhamatanda. Edson Carneiro e Simião Mahumana respectivamente ouviram e anotaram as preocupações das comunidades para soluções estratégicas.
Nas visitas do dia 9 de Setembro último, a equipa da Gorongosa reuniu-se com diferentes grupos de agricultores em Bebedo.
Os grupos de agricultores, normalmente são compostos por 25 membros das comunidades assistidos por técnicos do PNG, Resilience e técnicos do Governo.
Cada grupo recebe 10 quilogramas de sementes de milho, 1 kg de gergelim, 50 plantas de cajú e 2 kg de feijão bóer (1.ª época). Na hortaliça, 5 kg de quiabo, 100 gramas de cebola, 10 gramas de repolho, seis pacotes de tomate (6X1000 sementes) para aplicarem no campo de demonstração ou machamba escola no qual aprendem as técnicas agrárias a aplicarem nas machambas individuais.
Cada grupo de 25 membros agricultores é composto por um líder, geralmente um residente experiente na agricultura, com espírito de produzir e incentivar os outros.
Os líderes, ocasionalmente, são levados a participarem em diferentes capacitações, desde a sementeira (técnicas), colheita e armazenamento dos produtos.
Existem líderes dos grupos agricultores que já servem de patrões locais ao comprarem sementes com a produção individual. António Henriques é um deles.
Por exemplo, no ano passado e este ano, António Henriques produziu, comprovou e revendeu de milho.
As comunidades também são instruídas a produzirem adubo com material local para evitar pragas às culturas, além de serem apoiadas com sistema de regadio solar e debulhadoras com uma comparticipação.
António Henriques, por exemplo, já completou o pagamento de (70%) 39.900 dos cerca de 57.000 meticais referente a uma máquina de debulhar milho.
“Comecei a construir a minha casa [melhorada na Vila] de Nhamatanda com o dinheiro que ganhei no ano passado. Continuo a investir na educação dos meus cinco filhos, além de garantir alimentação e outras despesas de casa”, revelou António Henriques. “Este ano 2025, vou terminar a minha casa, falta apenas cobertura”, garantiu.
Teresa António explicou a diferença do Programa com outras iniciativas. Não sabia quais as vantagens de semear o milho em linhas, feijão, amendoim e gergelim (compasso), aprendeu com o SLDP.
Uma das principais vantagens de semear em linha é a economia de sementes, já que as sementes são distribuídas de forma mais uniforme e controlada. Além disso, o plantio em linha facilita a aplicação de fertilizantes e pesticidas verdes, garantindo uma nutrição adequada e protecção contra pragas e doenças.
Naquelas comunidades, o gergelim rende mais dinheiro quando é vendido.
Apesar de todo o esforço multissectorial e terra fértil para garantir a produção e produtividade, os agricultores ainda se queixam de invasão de animais aos campos agrícolas, dificultando os rendimentos previstos, principalmente pelo elefante, além dos impactos de mudanças climáticas (fenómeno El Ñino).
Nas reuniões, foi constatado que pelo menos dois membros dos grupos de agricultores, que também fazem parte de grupos de poupança de dinheiro nas comunidades, conseguem comprar sementes, pesticidas verdes e garantir apoio nas necessidades diárias da família. Diferente daqueles que não poupam, não conseguem e são os que mais correm risco de insegurança alimentar.
Por exemplo, Joana Francisco é uma das poucas mulheres agricultoras que também poupam dinheiro num grupo. Este ano conseguiu comprar pesticidas contra pragas no seu campo de produção. Este facto evidencia a necessidade de incentivar o envolvimento local em grupos de poupança.
As visitas do campo não apenas evidenciaram os ganhos, mas também os desafios de agricultores e oportunidades para novas ou o reforço de abordagens integradas para comunidades diferentes”. (Muamine Benjamim).
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