Quando a vassoura ganha destaque, o Meio Ambiente ganha em Nhamatanda

Na vila municipal de Nhamatanda, as actividades de limpeza decorreram nos mercados, praças, escolas, principais vias de acesso e outros lugares de maior concentração de pessoas. Foi o marco das comemorações do Dia Mundial da Limpeza, 20 de Setembro, na Vila que sonha se tornar cidade.

O Dia Mundial da Limpeza é celebrado desde 2007 sempre no terceiro sábado do mês de setembro, através de um movimento ambientalista global “Vamos a isso, Mundo! Let’s Do It World!  Foi fundado em Tallinn na Estónia, um país localizado no Nordeste Europeu. Let’s Do It World!  é um membro credenciado do Programa das Nações Unidas para o meio Ambiente (PNUMA), onde limpou 10.000 toneladas de resíduos ilegais por mais de 50.000 voluntários num dia. Seguindo o exemplo da Estónia, muitos países também iniciaram os seus próprios eventos de limpeza.

A Cooperativa de Educação Ambiental Repensar liderada pelo Prof. Carlos Serra lidera o movimento Let’s Do It World! em Moçambique.

 

Lixo colectado em locais estratégicos

São cacos de vidro (20 sacos (de 50 kg); plástico e PET: 35 sacos; latas metálicas: 4 sacos; papel (caixas, papel normal): 20 sacos removidos em um dia, durante a limpeza na Vila Municipal de Nhamatanda.

Esta data é celebrada em todo o mundo e é uma acção social e global para chamar atenção de toda a sociedade sobre os cuidados necessários para manter um planeta livre de lixo e ambientalmente sustentável. Este movimento mobiliza as pessoas em todo o mundo para se juntarem a eventos de limpeza locais, nacionais e regionais, combatendo assim o problema global de resíduos sólidos, incluindo o lixo marinho.

No último sábado, entre jovens, adultos, idosos, instituições governamentais e privadas, em massa, confiaram na máscara, luva, bota, vassoura, ancinho, pá, contentores de lixo entre outros materiais para limparem Nhamatanda, numa iniciativa global “Vamos a isso, mundo!”, Let’s Do It! World!.

Apesar de não falarem sobre o dia (entrevista), os representantes do Governo e do Município participaram na limpeza, além de Organizações Não-Governamentais como o Parque Nacional da Gorongosa (PNG), Associação Juvenil Integrada para o Desenvolvimento (AJID) Associação Anjo da Guarda e Safeguard The Planet Moçambique, Hospital Rural de Nhamatanda, Clube de Jovens, Instituto Heróis da Pátria, Polícia de Protecção de Recursos Naturais e Meio Ambiente e munícipes.

Nesses lugares, os contentores do Município de Nhamatanda passavam a recolher o lixo.

O PNG tem implementado actividades rotineiras para consciencializar as comunidades locais sobre os recursos escassos e a sua gestão sustentável, protegendo o Meio Ambiente. Só no último sábado, por exemplo, nos seis distritos considerados Zonas de Desenvolvimento Sustentável, nomeadamente, Nhamatanda, Gorongosa, Dondo, Cheringoma, Dondo e Maringué, mobilizaram comunidades para limparem os seus arredores, servindo de exemplo como mensagem prática focada a conservação do meio ambiente.

O supervisor da Educação Ambiental em Nhamatanda pelo PNG, Gonçalves Albino, espera que as comunidades tenham “uma consciência limpa das pessoas”. Em cada acto, temos que nos recordar que estamos a agredir o ambiente”.

Naquele dia, foi possível perceber que “muito lixo estava disperso ao redor do município de Nhamatanda, por isso, “a consciência deve ser trabalhada de forma repetida para mudanças”, disse o presidente da AJID, João Alfândega, reconhecendo a data como oportunidade para reflexão conjunta sobre as “práticas ambientais sustentáveis”.

Em grupos divididos, a limpeza passou do ponto de partida, a Praça dos Namorados; da Typoia para o Instituto Heróis da Pátria; da escolinha a zona do partido Frelimo; da administração até lixeira do Hospital Rural de Nhamatanda, incluindo a zona de Autoridade Tributaria; da passagem do nível até a zona da residência do edil; da igreja católica para o troço da Praça dos Namorados e dali passando pelo Notariado, campo municipal e Praça dos Heróis.

Entretanto, 24 horas depois, coincidentemente no domingo, final de semana, só o ponto de partida, a Praça dos Namorados já estava suja (vasilhames) pelo consumo habitual de bebidas alcoólicas no habitual “coração” da Vila, o que reforça a consciencialização com acções concretas e repetidas para o bom ambiente.

A limpeza é o acto de remoção física de sujidades, impurezas, detritos e microrganismos presentes em qualquer área ou local, corpo, material ou artigo, usando utensílios tais como: a vassoura, o sabão, soluções, detergentes, água, escovas, esfregão aspirador, esponjas, luvas, máscaras, ancinho, enxadas, catanas, machados e outros. Portanto, em datas comemorativas é preciso que as comunidades se unam em massa, porém o que se viu no último sábado foi uma redução de participantes, comparativamente aos períodos anteriores que atingiam 500 pessoas, diferente dos recentes 263 participantes.

A redução, segundo o presidente da AJID, João Alfândega, foi pela coincidência de uma marcha da Frelimo cancelada na última hora de sexta-feira, o que influenciou na decisão pronta das pessoas para a limpeza. Houve erro de comunicação, consequentemente, a limpeza não foi tão abrangente na Vila de Nhamatanda.

 

O perigo do lixo nas comunidades

Poluição dos oceanos e rios: O plástico contamina ecossistemas aquáticos, sufocando e enredando animais marinhos, além de transportar espécies invasoras e poluentes químicos.

Poluição do solo: O acúmulo de plástico no solo prejudica a capacidade de sustentar a vida vegetal e animal, afectando a agricultura e a biodiversidade.

Degradação dos ecossistemas: A poluição plástica interfere na cadeia alimentar, reduz a disponibilidade de luz e oxigénio para organismos fotossintéticos e afecta o ciclo bioquímico da flora marinha.

Aquecimento global: A produção e decomposição do plástico liberta gases de efeito estufa, contribuindo para o aquecimento global.

Problemas respiratórios: A queima de plástico libera gases tóxicos que podem causar irritações na pele, náuseas, dores de cabeça e agravar doenças respiratórias, como a asma.

Doenças cardíacas: A exposição a poluentes liberados na queima de plástico pode aumentar o risco de doenças cardíacas.

Impactos no sistema endócrino: Algumas substâncias químicas presentes nos plásticos podem interferir no sistema endócrino, afectando o equilíbrio hormonal e contribuindo para o desenvolvimento de obesidade e distúrbios metabólicos.

Contaminação da cadeia alimentar: Animais marinhos e terrestres consomem plástico, que pode entrar na cadeia alimentar humana, acumulando-se em tecidos e órgãos.

Emaranhamento e asfixia: Animais marinhos e aves podem se emaranhar em plástico, levando à asfixia ou morte por afogamento.

Ingestão de plástico: Animais podem confundir o plástico com alimento, causando bloqueios no trato digestivo, fome e desnutrição.

O coordenador da Anjo da Guarda, André Zuada, disse que vai continuar a recolher o lixo de forma a minimizar este “impacto [negativo] causado pelo Homem”.

“Conseguimos [avaliar] que as comunidades percebem a importância de Conservar o meio ambiente. Por exemplo, na campanha de plantio de árvores na nova zona de expansão no Ramos – Eduardo Mondlane, os munícipes aderiram-na massivamente, explicou o coordenador da Anjo da Guarda.

 

Contra lixo

A poluição plástica ou poluição por plástico é o acúmulo de objectos e partículas provenientes de plásticos, por exemplo, garrafas, sacolas e microesferas no meio ambiente da Terra que afecta negativamente os seres humanos, a vida selvagem e o seu ‘habitat’. Os plásticos são baratos e duráveis, tornando-os muito adaptáveis para diferentes usos; como resultado, os fabricantes optam por usá-los em vez de outros materiais. No entanto, a estrutura química da maioria dos plásticos os torna resistentes a muitos processos naturais de degradação. Juntos, esses dois factores permitem que grandes volumes de plástico entrem no meio ambiente como resíduos mal administrados e que persistem no ecossistema.

O coordenador distrital da Safeguard Planet, Mairosse Mairosse fala de insuficiência de gestão de resíduos sólidos e contentores em locais estratégicos em Nhamatanda.

“Como advogados do meio ambiente vimos a responsabilidade de fazer diferente neste distrito [limpando], não só esperar do município de Nhamatanda. “Que a comunidade abrace esta causa de deixar o nosso planeta limpo”, chamou atenção o coordenador da Safeguard Planet.

Nhamatanda precisa de redução do consumo de plásticos descartáveis, como sacolas plásticas, copos, talheres, garrafas e embalagens descartáveis.

Optar por alternativas reutilizáveis: Utilizar sacolas de tecido, garrafas de água reutilizáveis, recipientes de armazenamento de alimentos reutilizáveis, e evitar o uso de copos, pratos e talheres descartáveis.

Reciclar correctamente: Separar o lixo reciclável e garantir que os materiais plásticos sejam descartados para a reciclagem.

Comprar a granel e evitar embalagens: Priorizar a compra de alimentos e produtos a granel, evitando embalagens plásticas desnecessárias.

Estar atento aos microplásticos: Evitar o uso de cosméticos com microesferas de plástico e utilizar filtros de microfibra ao lavar roupas para reduzir a libertação de microplásticos no meio ambiente.

Apoiar iniciativas locais: Pesquisar e apoiar iniciativas de reciclagem e combate à poluição plástica na sua comunidade.

Conscientizar e educar: Compartilhar informações sobre a poluição plástica e incentivar outras pessoas a adoptarem práticas mais sustentáveis.

Reutilizar e reciclar itens de plástico: Antes de descartar, avaliar se o ‘item’ pode ser reutilizado de alguma forma ou destinado à reciclagem.

O Dia Mundial da Limpeza oferece ao mundo a oportunidade de empreender esforços de limpeza em todo o planeta.

Contudo, “Seja os 5% que transformam o mundo”, que não sirva apenas como lema a entoar na sua comunidade. Quando pelo menos 5% da população adere a uma nova prática, essa mudança pode se espalhar como norma social. (Muamine Benjamim).


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