Na última segunda-feira, os operadores de transporte semi-colectivo de passageiros, no distrito do Dondo, em Sofala, paralisaram as actividades alegadamente por excessivo de Postos de Trânsito. Horas depois, retomaram as actividades avisando que se estes postos de fiscalização continuarem, a manifestação vai afectar outras rotas.
Afinal, a preocupação dos transportadores não é a fiscalização como tal, mas os gastos monetários feitos clandestinamente em alguns postos de fiscalização, conectando a cidade portuária Beira e outros pontos de Sofala pela EN6. Para quem usa aquela rota vivencia o cenário.
A paralisação temporária da circulação dos transportadores causou longas filas de passageiros em busca de autocarros, na rota Dondo-Beira, ao longo da Estrada Nacional Número Seis (EN6).
Segundo o presidente dos transportadores no distrito de Dondo, Alberto Alexandre, “a inquietação dos transportadores é o excesso de zelo por parte da própria polícia. Ao longo da EN6, entre Beira e Dondo, é frequente encontrar cinco postos policiais. Muitas vezes, encontramos postos de controlo de velocidade, mas os agentes deixam de fazer o seu verdadeiro trabalho para extorquir os transportadores. “É a nossa responsabilidade denunciar esses agentes que tentam cobrar indevidamente, como solução. Avisou: “caso isso aconteça, vamos informar directamente ao comandante da polícia de trânsito”.
No primeiro dia da paralisação, os transportes somaram prejuízos. “Estamos com a autoestima em baixo”, pela receita diária que o patrão exige, lamentou o presidente dos transportadores.
Os transportadores estão a trabalhar normalmente. “Mas se o excesso de Postos de Trânsito continuar, a paralisação vai afectar outras rotas como Búzi e Nhamatanda”, disse Alberto, um dia depois da paralisação.
Os transportadores vão operar normalmente até domingo desta semana. A partir da próxima Segunda-feira, a paralisação poderá ser reactivada, afectando igualmente outras rotas da província, se o excesso de Postos de Trânsito for registado.
Os transportadores denunciam que chegam a gastar quase 500 meticais nas cobranças ilegais ao passarem dos Postos de Transito.
Para Amélia, os transportadores alternativos estão a aproveitar a situação para praticar preços elevados. “Os ‘txopelistas’ [moto-taxistas] estão a cobrar entre 200 e 300 meticais só de ida, não terei rendimento. Com o “chapa”, gasto apenas 50 meticais,” explicou.
Gilda Marisande, estudante em estágio no Hospital da Munhava, relata as dificuldades enfrentadas. Esta manhã por conta da situação, perdeu o dia de estágio. “Cheguei às 5 horas e encontrei tudo parado, praticamente perdi o estágio, vou ter que compensar sete dias.” Além da paralisação dos “chapas”, denunciou o encarecimento dos transportes alternativos como o caso moto-táxi. “Chegam a cobrar 300 ou 400 meticais – e eu não tenho como pagar. O meu pedido é a quem de direito ordene a retirada dos postos de trânsito para que tudo volte à normalidade”.
Um dia depois da paralisação, terça-feira, a Polícia da República de Moçambique (PRM), através do porta-voz, Dércio Chacate, pediu denúncias em casos de cobranças ilícitas, reconhecendo apenas três Postos de Trânsito. (Narcísio Cantanha).
Discover more from Jornal Profundus
Subscribe to get the latest posts sent to your email.