Um estudo com o título “Impactos dos elefantes africanos e de outros factores ambientais nas árvores onde nidificam os abutres-de-dorso-branco, espécie criticamente ameaçada”, originalmente, “Impacts of African elephants and other environmental drivers on trees nested in by critically endangered white-backed vultures” revelou que o excesso de elefantes destrói árvores de nidificação dos abutres-das-costas-brancas nas Reservas Naturais Privadas Associadas (APNR), África do Sul.
O estudo teve o objectivo de avaliar o impacto que os elefantes têm nas árvores que contêm ninhos de abutres nas APNR e na vizinha Base Aérea de Hoedspruit (AFB) na região nordeste da África do Sul, através de três avaliações separadas, mas interligadas. Primeiro, avaliou as espécies arbóreas usadas pelos abutres para nidificação e comparou o seu tamanho e escores de impacto de elefantes entre ‘habitats’ ribeirinhos e florestais.
O APNR (tamanho 2089 km²) é uma área protegida, partilhando um limite aberto com o Parque Nacional Kruger, e inclui as reservas naturais privadas de Balule, Klaserie, Thornybush, Timbavati e Reservas Naturais Privadas de Umbabat.
Os abutres-de-dorso-branco (Gyps africanus) fornecem serviços de ecossistema essenciais para os sistemas de savana como espécie necrófaga.
No entanto, registam-se significativos nos números de abutres-de-dorso-branco (doravante designados por abutres), tanto continental como regional na África do Sul.
O estudo conduzido de 2008 a 2020, mas publicado em janeiro de 2025 pela revista WILDLIFE BIOLOGY, baseando-se em análises estatísticas, concluiu que os abutres preferem árvores de grande porte, que oferecem maior estabilidade para a nidificação.
“Das árvores descascadas, 55,6% tinham uma pontuação de remoção de casca de>50%, e uma árvore individual tinha morrido por descascamento. Os escores de impacto dos elefantes foram significativamente maiores nas árvores da floresta em comparação com as árvores ribeirinhas”.
O estudo aponta que “nenhum impacto de elefante foi encontrado em 75 das 266 árvores pesquisadas (28,2%), incluindo todas as árvores Philenoptera violacea e Combretum imberbe. As restantes 191 árvores (71,8%) com impacto de elefante, a descasca foi o tipo de impacto mais comum (80,9%), seguido da quebra primária conclui que (17,7%) e do desenraizamento (1,4%)”.
As árvores situadas em zonas ribeirinhas tendem a ser mais altas e sofrem menor impacto dos elefantes, diferente das localizadas em zonas onde a actividade dos elefantes é mais intensa.
“Focando em S. nigrescens, a espécie arbórea mais abundante contendo ninhos de abutre, os nossos resultados sugerem que as árvores de grande porte (≥ 5 m de altura) aninhados por abutres são mais ameaçados por elefantes, mas são na sua maioria demasiado grandes para serem derrubados. No entanto, os elefantes podem estar a ter um efeito de corte nas alturas das árvores disponíveis para os abutres, e que os ninhos são encontrados principalmente nos S. nigrescens mais altos, com as pontuações de impacto de elefantes mais baixas”, concluem os autores.
O estudo de 14 páginas foi conduzido por uma equipa sul-africana, nomeadamente, Robin M. Cook (conceituação, curadoria de dados, análise formal, investigação, metodologia, administração de projectos e escrita – rascunho original; Edward T. F. Witkowski (apoio de conceituação, investigação, apoio de metodologia, supervisão, visualização e escrita – revisão e edição; Michelle D. Henley, (administração de projectos, curadoria de dados, aquisição de financiamento, líder da conceituação, da investigação, de metodologia, de recursos, de supervisão, de visualização e de redacção – revisão e edição.
A diminuição de abutres em África, tem sido por envenenamento, colisões com infraestruturas e o seu uso para a medicina tradicional. A ausência destes animais pode fazer com que mais carcaças de animais fiquem expostas na natureza, favorecendo a proliferação de bactérias e infecções. Daí que, exige do ser humano a protecção deste animal listado como ‘Criticamente Ameaçado’ segundo a Birdlife International em 2024. (Muamine Benjamim).