Gorongosa capacita “homem como parceiro” nas comunidades

O Parque Nacional da Gorongosa (PNG) através do Programa de Educação da Rapariga está a capacitar homens sobre todo o tipo de violência e o seu ciclo, desafiando as uniões prematuras, poligamia, agindo como homem, analisando o poder, o alcoolismo e dando espaço de igualdade para as parceiras. Até ao momento, foram abrangidas 22 Zonas de Influência Pedagógica (ZIP) na Zona de Desenvolvimento Sustentável.

O supervisor da educação do PNG, no distrito de Nhamatanda, António Golonga explica que em cada Zona de Influência Pedagógica (ZIP), são capacitados 20 homens entre líderes comunitários, religiosos, padrinhos, conselhos das escolas, encarregados de educação e curandeiros, “sem excepção”.

Nesta primeira fase, as capacitações estão a abranger 22 ZIPs, especificamente, Nhamatanda (5), Gorongosa (5), Maringué (2), Dondo (2), Muanza (3) e Cheringoma (5).

António Golonga apresenta os objectivos das capacitações: “consciencializar os homens na mudança de atitudes sobre as matérias relacionadas ao Género, Violência Baseada no Género, uniões prematuras e o que é ser homem para a família e para a comunidade; consciencializar os homens das comunidades sobre a importância de ser um bom homem para a sua família; e promover a auto-estima e mudanças de comportamento e atitudes nos homens das comunidades”.

O critério de selecção dependeu de homens considerados resistentes à mudança de comportamento ou mediadores de conflitos nas comunidades. Esta escolha de pais e encarregados de educação dependeu igualmente dos alunos que desistiram da escola, faltam muito nas escolas, filhos sem estudar ou raparigas submetidas a uniões prematuras. Estes critérios resultam da coordenação entre o PNG e as escolas que vivenciam a realidade dos respectivos alunos e/ou pais e encarregados de educação.

 

Os “pecados” dos homens para mulheres nas comunidades

As capacitações envolvem dinâmicas à mistura de brincadeiras e cancões que reflectem a realidade das comunidades, incentivando os homens para através do seu poder nas casas ou nas comunidades influenciarem contra as uniões prematuras, todo o tipo de violência, incentivando o diálogo em igualdade de género.

Os homens são submetidos a exercícios práticos sobre suas tarefas diárias em comparação com as actividades das mulheres nas comunidades, analisando os costumes passados de geração para geração.

O foco deste exercício é submeter os homens à ideia de que devem entender o passado, o presente para perspectivar o futuro, abandonando as práticas negativas.

Antes da capacitação, os homens foram submetidos a avaliação para concordarem ou discordarem:

Os homens são mais inteligentes que as mulheres, dos 20 participantes (6 discordaram, 14 concordaram);

O homem é que deve tomar a decisão final no relacionamento com a sua mulher (14 discordaram e 6 discordaram);

Um homem de verdade não acompanha a sua mulher na consulta pré-natal (12 discordaram e 8 concordaram);

Homem que é homem é aquele fez circuncisão no hospital (14 discordaram e 6 concordaram);

Quando um homem mantiver relações sexuais a força com a sua parceira não é violência (17 discordaram e 3 concordaram);

É falta de respeito quando uma mulher conquistar um homem (quatro discordaram e 16 concordaram);

Homem que não bebe bebidas alcoólicas não é um homem de verdade (todos discordaram);

As mulheres também têm o direito de decidir se querem ou não ter filhos (todos concordaram);

A tarefa de cuidar dos filhos é da mulher e o homem só deve garantir dinheiro na família (14 concordaram; 6 discordaram);

Na luta de casal ninguém pode se meter (3 concordaram e 17 discordaram);

Um homem que é homem deve ter muitas mulheres (1 concordou e 19 discordaram);

Um homem de verdade não cozinha nem faz limpeza em casa (11 concordaram e 9 discordaram);

Um homem pode bater a sua mulher quando ela lhe abusar (4 concordaram e 16 discordaram);

O homem deve ser superior a mulher (13 concordaram e 7 discordaram);

Uma mulher sem filhos não é mulher de verdade (2 concordaram e 18 discordaram).

Depois da capacitação, submetidos novamente a avaliação com as mesmas perguntas, discordaram de tudo. Este é um sinal de que compreenderam que afinal os homens e mulheres têm os mesmos direitos e devem fazer esforços diários para servirem de exemplo nas respectivas famílias e comunidades, tornando uma sociedade harmoniosa.

A permanência das raparigas nas escolas também depende do homem da casa e normalmente é quem aceita que troque o ensino pelas uniões prematuras. Então, dotando o pai dessas matérias, logicamente que a desistência escolar poderá reduzir, principalmente nas mulheres.

Por exemplo, a Escola Primária 1º e 2º Graus Mucheu-Bebedo que acolheu o evento de capacitação de “Homem como parceiro”, na última quarta-feira, teve 1.514 alunos inscritos em 2024, dos quais 40 (23 mulheres e 17 homens) desistiram. Portanto, pretende-se avaliar o impacto dessa capacitação no final de 2025 com os já 1.435 (669 mulheres e 766 homens) matriculados.

Depois da capacitação, os homens submetidos novamente a avaliação com as mesmas perguntas, discordaram de tudo. Este é um sinal de que compreenderam que afinal os homens e mulheres têm os mesmos direitos e devem fazer esforços diários para servirem de exemplo nas respectivas famílias e comunidades, tornando uma sociedade harmoniosa.

A permanência das raparigas nas escolas também depende do homem da casa e normalmente é quem aceita que troque o ensino pelas uniões prematuras. Então, dotando o pai dessas matérias, logicamente que a desistência escolar poderá reduzir, principalmente nas mulheres.

Por exemplo, a Escola Primária 1.º e 2.º Graus Mecheu-Bebedo que acolheu o evento de capacitação de “Homem como parceiro”, na última quarta-feira, teve 1.514 alunos inscritos em 2024, dos quais 40 (23 mulheres e 17 homens) desistiram. Portanto, pretende-se avaliar o impacto dessa capacitação no final de 2025 com os já 1.435 (669 mulheres e 766 homens) matriculados.

 

Homens reconhecem “os pecados” e prometem mudar

O coordenador geral das igrejas de Bebedo, Envelope Muandipesari Kequede avalia que “esta capacitação nos ensinou sobre a nossa forma de viver com as mulheres e crianças”, comparativamente com o passado. Por exemplo, o conhecimento passado de geração para geração aponta o homem como o “leão” da casa, mas a aprendizagem de hoje prova que temos que mudar a forma de viver como família.

O coordenador geral das igrejas de Bebedo apresenta a realidade local. “A mulher quando vai à machamba, ao regressar, carrega as enxadas, lenha, folhas comestíveis para fazer caril e bebé no colo”.

“Mas isso não é bom”, reconhece Envelope Kequede, reiterando que “devemos dar tempo para a mulher descansar, o marido deve ajudar a limpar o pátio, lavar pratos, obrigando as crianças a irem à escola”.

O secretário do bairro 25 de Setembro -Bebedo, Amade Francisco André fala de “mudança de [comportamento] na comunidade contra os hábitos negativos, desvalorizando a mulher”. Na zona rural, a mesma mulher vinda da machamba, chegado a casa é que faz a limpeza da residência, prepara as refeições e serve tudo ao marido enquanto ele apenas está sentado à espera de que tudo seja feito. Mas não consegue valorizar o esforço dela. Não podemos fazer dessa forma, devemos ajudar a mulher porque tem muito trabalho”, reconhece o Amade Francisco André.

O secretário do bairro – 25 de Setembro –Bebedo garante que vai “sensibilizar as [comunidades] para deixarem as crianças a irem à escola”. (Muamine Benjamim).

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