As mães das comunidades da Zona de Desenvolvimento Sustentável do Parque Nacional da Gorongosa, normalmente, trocam experiências transformadoras opinando com os homens, através do seu envolvimento em actividades integradas promovidas pelo Parque que devem impactar vidas na respectiva sociedade. Elas também avaliam os seus resultados.
Num encontro entre mães modelos, Agentes Polivalentes da Saúde (APS) e mães matronas no dia 24 de Março de 2025, sobre nutrição no distrito de Gorongosa, descreveram como tem sido a sua rotina, da implementação do aprendizado a mudança de comportamento nas comunidades.
“Este trabalho promove mudanças nas zonas; as pessoas já sabem que é muito importante, por isso, continuamos a sensibilizar as comunidades”, avalia a mãe modelo de Nhariroza, Aginada Fazenda, mencionando as actividades integradas da saúde, agricultura, produção de mel, clube de raparigas, educação sexual e reprodutiva, e direitos e deveres da criança. “Tudo isso para o bem da criança”.
Aginada Fazenda tem sensibilizado que “marido e mulher devem se entender para resolver qualquer desafio. Por exemplo, na gravidez, o casal deve-se acompanhar ao hospital, garantindo a saúde da mulher e do bebé; alimentar-se de produtos disponíveis na comunidade, variando os alimentos bem conservados”.
Para as crianças desnutridas, “temos feito visitas, fazendo papas enriquecidas misturando ovo, moringa, açúcar com farinha de milho; damos frutas que antes apenas vendíamos; acompanhamos ao hospital para avaliar junto dos profissionais da saúde sobre o ponto de situação na nutrição”, descreve a Aginada Fazenda, reconhecendo que poucas famílias resistentes a estes serviços, por motivos culturais.
“Antes da chegada deste projecto de saúde, a vida estava muito difícil, diferente de agora. Tínhamos um número elevado de gravidez precoce, nas raparigas de entre 13 a 14 anos na sua maioria, mas actualmente o cenário mudou, são poucos casos”, evitando uniões prematuras.
“As comunidades estão a mudar de atitude, porque estão a sentir os resultados das nossas intervenções para a saúde das famílias. Antes desse projecto, viam-se muitas crianças de barriga grande, mal nutridas ou magras/pálidas, mas agora são casos raros”, avalia a mãe matrona da comunidade de Cilindro, Rita Jaime.
As pessoas já sabem os riscos de infecção ou complicações graves de saúde quando não recorrem aos hospitais. “Esta actividade de apoio às pessoas tem ajudado bastante, como resultado já recorrem ao hospital onde fazem diagnósticos; e instruímos as famílias a cumprirem as recomendações dos profissionais da saúde.
A mãe modelo, Sara Kingsoni, na zona de Nacho, ensina sobre a nutrição de “casa-a-casa, explicando como alimentar as crianças com os produtos que a comunidade produz, comendo muito bem para se desenvolver melhor para um bom corpo, não emagrecer”.
Sara Kingsoni critica as mães que “despacham os cuidados da criança mesmo depois de receberem boas orientações”, apelando “cuidem da vossa saúde e dos vossos filhos”.
Sara Kingsoni lembra o passado mau. “Antes do projecto de saúde, a vida das crianças era difícil porque as comunidades não sabiam o que fazer nas situações de desnutrição. Logo que nos instruíram sobre boas práticas, passamos a ajudar na melhoria da vida das crianças”.
“Adiram ao nosso compromisso de nutrição para que as mães saibam como dar papa enriquecida, pequeno lanche quente, não frio, ao crescimento saudável da criança”, aconselhou a mãe modelo de Nacho. (Progressus).