Apesar dos cortes da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID sigla inglesa), o Embaixador dos Estados Unidos em Moçambique reiterou que o Governo americano vai manter o apoio ao Plano de Emergência do Presidente dos EUA para a Luta contra a SIDA (PEPFAR) para “salvar vidas”, tornando a cooperação “mais forte e segura”. Peter Vrooman falava na quarta-feira (18), após o término de uma audiência que lhe foi concedida pelo Presidente da República, Daniel Chapo.
Apesar do corte da ajuda internacional norte-americana, Peter Vrooman afirmou que continuam a ser implementados alguns programas de assistência humanitária, nos quais têm estado a trabalhar com diferentes parceiros para os “salvaguardar”.
“Nós vamos continuar os nossos programas de salvar vidas de dois milhões de moçambicanos que têm HIV”, disse Peter Vrooman.
“Alguns projectos estão na situação de pausa, mas temos isenções nalguns que salvam vidas, ou seja, projectos do PEPFAR [Plano de Emergência da presidência norte-americana para o Alívio da SIDA], os anti-retrovirais, e também a logística pelo sector de saúde”, referiu o embaixador dos Estados Unidos da América (EUA).
No encontro com o Daniel Chapo foi também discutido o reforço das relações bilaterais entre os EUA e Moçambique, havendo interesse mútuo em tornar a cooperação “mais forte, segura e próspera”.
“Eu espero que nós possamos começar os processos de discussão e conversas entre nós sobre o futuro mais próspero, mais seguro e mais forte”, frisou Peter Vrooman.
Lembre-se que o Governo moçambicano reconheceu, no passado dia 07, que a suspensão da USAID compromete programas de saúde em Moçambique, com destaque para o HIV/SIDA, e que estava em “diálogo” com a embaixada dos EUA para “mitigar os impactos”.
“A retirada brusca desse apoio compromete, como podem imaginar de alguma forma, a eficiência na implementação desses programas (…) O apoio do Governo americano financia uma parte considerável da provisão de profissionais de saúde e sobretudo na área de assistência de HIV/SIDA”, disse, na altura, o porta-voz do Governo moçambicano e ministro da Administração Estatal e Função Pública, Inocêncio Impissa.
Reconhecendo a “gravidade da medida” anunciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, o governante moçambicano garantiu, contudo, a continuidade de serviços essenciais de saúde, pedindo que a população não entre em pânico.
Entretanto, tudo começou no final de janeiro, quando o Presidente americano Donald Trump deu ordem para congelar a ajuda externa do seu país, canalizada principalmente através da USAID, uma organização da qual também ordenou o despedimento da maioria dos seus funcionários em todo o mundo.
A decisão provocou o pânico entre as organizações humanitárias de todo o mundo que dependem dos contractos dos EUA para continuarem a funcionar.
Em 13 de fevereiro, um juiz federal bloqueou temporariamente a ordem do Presidente dos EUA, Donald Trump, de congelar a ajuda externa dos EUA, enquanto outro tribunal suspendeu o desmantelamento da USAID.
De acordo com a Organização das Nações Unidas, os Estados Unidos são, de longe, o maior fornecedor de ajuda externa, até 2023, representando 40% da ajuda humanitária global. Moçambique, em particular, nos últimos 20 anos, o PEPFAR investiu mais de 5,2 mil milhões de dólares na resposta ao HIV e SIDA.
O PEPFAR foi criado em 2023 para prestar assistência com o objectivo de acabar com a SIDA até 2030.
O PEPFAR foca-se na prestação de serviços de prevenção e tratamento do HIV de qualidade e centrados no paciente; reforçar a capacidade e resiliência das comunidades e sistemas de saúde para enfrentar a epidemia do HIV e outros desafios de saúde; e estabelecer parcerias para um maior impacto, partilha de encargos e sustentabilidade. (Profundus).