Júlia Chimuwe Wiliamu casou-se com Adriano Canda e tem 6 filhos e 12 netos. Esta família aprendeu as actividades integradas do Programa Desenvolvimento Sustentável de Meios de Subsistência sobre as Comunidades da Zona de Desenvolvimento Sustentável, nomeadamente, treinamentos em nutrição e diversidade alimentar, em saúde sexual e reprodutiva e agricultura sustentável. Hoje, é um modelo de mudança de comportamento, chegando a ser cobiçada pelas pessoas que ainda não fazem parte do Programa.
Esta família como outras na comunidade de Canda, no distrito de Gorongosa, recebe assistência técnica e treino em boas práticas culturais, além de sementes de milho, gergelim, feijão vulgar e feijão boer para a estação de sequeiro, e tomate, repolho, cebola e quiabo na estação de irrigação.
Práticas sustentáveis
O casal explica que já semeia entre linhas, em compasso dependendo de culturas, e sem juntar sementes de diferentes produtos na mesma cova, mas antes semeava de forma desorganizada, juntando sementes de mapira e de milho, por exemplo – uma prática que dificultava a produção e produtividade.
Com esta aprendizagem, a família modelo consegue avaliar o impacto das técnicas agrícolas em tempos de mudanças climáticas, especificando, por exemplo, a produção do milho. Em 2024, numa área de quatro hectares, conseguiu produzir 30 sacos de milho, dos quais vendeu 15 para através dos lucros ajudar nas despesas das crianças que estão a estudar, e o restante produto garantiu a segurança alimentar e nutrição.
Aos poucos, o casal se organiza para construir outra casa melhorada, com o dinheiro que ganha principalmente pela agricultura.
Antes, aquela família produzia frutas para apenas vender sem saber os nutrientes contra a desnutrição. Mas, hoje, já produz para o consumo e venda em caso de aflição, tanto que o seu quintal é coberto de fruteiras (bananeiras, mangueiras, papaieiras, abacateiros e cajueiros). E no mesmo pátio, produz a batata-doce e a mandioca, motivando insectos para a polinização de todas as plantas ao redor da residência, garantindo a saúde da mãe Júlia e da sua família.
“Produzimos cenoura, alface, couve e repolho, mas não sabíamos o melhor modo de preparo para aproveitarmos as suas proteínas [nutrindo a família] ”, por exemplo, “fazendo sopa de couve” fortalecendo o sistema imunológico. Mas já sabem e fazem.
A aprendizagem sobre saúde ajudou-nos a “melhor planificarmos sobre a nossa saúde e das nossas crianças, evitando doenças e garantindo nutrição, por exemplo, quando queremos ter filhos e quantos filhos queremos ter. Mãe Júlia chama atenção aos hábitos locais de ter filhos anualmente, o que não é bom porque contribui negativamente para a saúde da criança e da mãe, além de que “a comida pode não bastar” em momentos de insegurança alimentar.
Por exemplo, antes, os miúdos comiam no mesmo prato e a comida não bastava, chegando a criar rivalidade entre eles. Com as actividades integradas do Programa, a família conseguiu produzir alimentos suficientes, resultando em cada filho e neto comer no seu prato em paz porque a comida basta olhando para o número da família.
Por exemplo, antes, as crianças comiam no mesmo prato e a comida não bastava, chegando a criar rivalidade entre eles. Com as actividades integradas do Programa, a família conseguiu produzir alimentos suficientes, resultando em cada filho e neto comer no seu prato em paz porque a comida basta olhando para o número da família.
“Pratos lavados devem ser deixados no sol, porque se levar para dentro enquanto estão húmidos, aquele resto de água pode provocar doenças ou mesmo mosquitos que podem originar malaria” e esta doença mata. Antes de aprender estas boas práticas, a mãe Júlia não sabia porque os mosquitos aumentavam na residência, mas agora sabe e evita.
Mãe Júlia também aprendeu a fazer papas enriquecidas através de produtos locais, misturando ovo de galinha criada por ela, farinha de milho, moringa ou folhas de mandioqueira ou mesmo de abóbora e um açúcar. Estes nutrientes fazem recuperar qualquer criança desnutrida em três meses.
“Depois de usar o pilão, deve virá-lo para baixo pendurando. Isso evita a não molhar por dentro mesmo se chover, e tudo que poderia se esconder dentro do objecto, facilmente vai cair”. Mas antes de aprender estas boas práticas, deixava de qualquer maneira, colocando em risco a sua saúde, da família e dos vizinhos que pediam por emprestado.
Em Canda, as comunidades já recorrem à mãe Júlia para instruções. Até “chegam a cobiçar-me pela boa maneira de viver que estou a ter” fruto de aprendizagem no SLDP, tornando-lhe um modelo de mudança de comportamento e reforçando a necessidade de se replicar este tipo de intervenção. (Progressus).