PROGRESSUS: Jena escapou de uma união prematura ou violência para ser fiscal

Jena Janeiro Kenade, de 16 anos, enquanto estudava no distrito de Maringué, não se sentia à vontade. Os homens pretendentes andavam atrás dela para torná-la esposa tão criança. Aprendeu sobre seus direitos, deveres e Conservação no Programa Clube de Raparigas e hoje ganhou bolsa de estudos através do Parque Nacional da Gorongosa (PNG).

Nas comunidades em redor ao Parque, a lista de violações de direitos inclui uniões prematuras; gravidezes indesejadas de menores cujo parto pode levar à morte; a ideia de que uma menina menstruada não pode atravessar as ruas, logo, não pode ir à escola; violência doméstica; violência baseada no género; e abuso sexual. Contra estas práticas negativas, a Gorongosa promove cerca de 100 Clubes de Raparigas dirigidos por promotores treinados, ensinando as meninas sobre a sua saúde sexual e reprodutiva, matérias de literacia e numeracia, direitos e deveres da criança. Ou seja, nesses Clubes, as miúdas conhecem o seu corpo, aprendem a sonhar, sabem tratar da higiene menstrual, afastar-se de comportamentos de risco e aprender a negociar com os pais a dizer um dia caso-me, mas não já, resultando no que a Jena é hoje.

“De tão incómodo daqueles homens que só querem destruir o meu sonho, cheguei a pedir ao meu pai para mudarmos daquela zona. Fomos a Nhamapaza, ainda em Maringué, mesmo assim, os predadores sexuais seguiam-me”, descreve Jena a menina que aprendeu comportamentos positivos no Clube de Raparigas promovido pelo Parque Nacional da Gorongosa.

“Nas comunidades, me chamavam de mulher de espírito maligno por recusar casar”. Mas, “hoje me vêem como menina de outro nível, os homens me apreciam mais porque estou a estudar” na Vila de Gorongosa.

Hoje, Jena estuda em Gorongosa através de uma bolsa de estudo, depois de vencer o primeiro lugar do concurso de pangolim “Contos Infantis para um Mundo Melhor”, que envolveu 388 alunos concorrentes de 12 escolas da Zona de Desenvolvimento Sustentável da Gorongosa. Cada escola teve dois finalistas, uma rapariga e um rapaz, somando 24, e destes, apenas seis venceram, em igualdade de género.

Entre as raparigas, Jena, da Escola Básica de Gravata, distrito de Maringué, ganhou a bolsa de estudo, tal como José Tito José, da Escola Básica de Nhandar, distrito de Gorongosa. Ambos de famílias desfavorecidas, estavam na incerteza de continuar a estudar, mas com o prémio, já têm uma bolsa de estudos para o 7.º, 8.º e 9.º anos, no internato e Escola Secundária de Cristo Rei – Gorongosa, incluindo material escolar.

“Minhas amigas abandonaram a escola e tornaram-se mães com idades menores. Conta com tristeza porque já elas próprias contam os episódios tristes depois de se unirem prematuramente. “Eu quero estudar”, determinou Jena: “O meu sonho é ser fiscal” da Gorongosa”, provando coragem e determinação para inspirar as outras raparigas. Esta actividade envolve encarar todo o tipo de animal no Parque, incluindo o leão.

O PNG “deu-me asas” para voar, não tinha certeza se iria continuar a estudar, uma vez que “estava rodeada de homens que me queriam a todo o custo”.

Inspirado na valorização das comunidades pela Gorongosa, o pangolim, altamente ameaçado e em extinção pela acção humana, o livro a ser apresentado na Espanha, cuja capa integra o desenho da vencedora Jena, leva o leitor para a protecção do mamífero, através de um mundo mágico e de fantasia.

 

Pai passa a ser pregador das acções impactantes da Gorongosa

“Eu sou camponês, não tenho condições para patrocinar estudos de Jena no internato. O meu sonho é ver a minha filha formada e a trabalhar”, combatendo a pobreza.

Nas comunidades já me acusavam de amantizar-me com a minha filha por proibi-la de se casar prematuramente.

Janeiro Kenade diz que confia muito na Jena, depois da primeira filha Elisa decepcioná-lo ao abandonar os estudos, tornar-se esposa e mãe tão cedo. Hoje, a mais velha aprecia a irmãzinha.

De tanto louvar a bolsa de estudos para a filha, o pai de Jena diz que passou a ser “pregador das actividades de impacto do Parque para a vida das comunidades. As pessoas diziam que minha filha perdia tempo com a Gorongosa, mas hoje vejo o contrário.” (Progressus).

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