O Parque Nacional da Gorongosa (PNG), através do Programa Clube da Paz, graduou 43 jovens do distrito de Gorongosa, alguns deles familiares dos desmobilizados da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). São cursos de curta duração com um financiamento de 640.000 meticais da Embaixada de Portugal em Moçambique, através do Instituto Camões.
Em Moçambique permanecem os desafios no acesso a educação/formação e os de acesso ao emprego. Enquanto isso, o mercado de emprego exige o saber fazer e fazer melhor. Assim, as formações financiadas são soluções, principalmente em zonas com histórico de conflito, tal como o distrito de Gorongosa conhecido, no passado, como bastião da guerra.
O PNG e parceiros estratégicos estão a devolver a esperança e a garantir que não haja mais conflito na zona de desenvolvimento sustentável do PNG. Dos vários Programas, desta vez, através do Programa Clube da Paz, formou, de maneira inclusiva 43 jovens subdivididos em oito mulheres e 15 homens, para o curso de Refrigeração e Climatização, e outros nove homens e 13 mulheres, no curso de Canalização. Todos graduados na última sexta-feira (26.07) em áreas com fácil emprego e auto-emprego.
Reacção dos formados
São jovens que terminaram o ensino secundário, para fazerem os cursos de três meses, contando com a teoria e prática. Alguns deles sem esperança de que seriam formados, por falta de condições financeiras.
Com a formação, Laina Sembeia diz que já pode auto-sustentar-se, “trabalhando” nas empresas e noutros clientes. “Eu pensei que a área de refrigeração fosse apenas para homens. Eu também sou capaz com esse tipo de trabalho. Mulheres, força, vamos ser vencedoras, exortou.
Silvestre Manuel Leandro, com a formação em Refrigeração e Climatização, encontra um mercado à espera. “Há que valorizar o próprio curso, valeu a pena. O Parque Nacional da Gorongosa quer que os jovens não se percam, entrem no caminho certo”, reconheceu a intenção do PNG.
Maria de Alexandre Wilson é uma das canalizadoras e já garantiu que vai fazer a montagem de torneiras e chuveiros na sua “zona” por isso, agradece a Embaixada de Portugal em Moçambique e a Gorongosa.
Clube da Paz não apenas forma
Na ocasião, o Embaixador de Portugal em Moçambique fez a entrega simbólica de certificados aos graduados. António Costa Moura enalteceu a relação entre os dois países na manutenção da paz e em várias iniciativas de sucesso.
Já o gestor do Programa Clube da Paz, Tomás Tangay espera que “esses jovens sejam importantes nas suas comunidades de origem”, sendo que já têm habilidades de serviços procurados.
O Programa Clube da Paz “promove inclusão e reintegração socioeconómica” na Zona de Desenvolvimento Sustentável do Parque Nacional da Gorongosa. Com isso, Tangay quer garantir que os jovens e familiares de ex-combatentes da Renamo “tenham o auto-emprego e consigam empregar os outros”, sendo que um adolescente ocupado com actividade útil para si e para a sociedade é uma mais-valia.
O Clube da Paz da Gorongosa iniciado em 2020, não apenas apoia na formação, mas também quer acompanhar os jovens habilitados.
Esta não é a primeira formação e muito menos a última pela Gorongosa. De 2022 a esta parte, o Programa Clube da Paz, já integrou familiares de 11 ex-combatentes da Renamo no curso de Serralharia, 22 em Canalização, Refrigeração 44, Culinária 22, Electricidade 27 e Corte e Costura 02, de forma inclusiva.
Este ano, 2024, o Programa Clube da Paz já integrou 8 familiares de ex-combatentes da Zona de Desenvolvimento Sustentável nos Clubes Ambientais, 11 para iniciativa de Pré-Escola/DECIPE, 15 nos Clubes da Raparigas, 01 no Clube de Jovens e 17 nos Clubes de Professores/Ensino à Distância.
Portanto, de forma evolutiva, em 2021, em 10 Centros, as iniciativas do Programa Clube da Paz já beneficiaram 109 ex-combatentes, seus familiares, esposas, filhos e netos; em 2022, igualmente, o Programa ajudou 29 em 13 Centros; em 2023, 35 em 24 Centros; e em 2024, 268 em 27 Centros.
O Clube da Paz não pára por ai. Já projecta outra formação a iniciar este mês de agosto. (Profundus PDF).