Mais de 50 jovens no Centro de Moçambique que tem sido assolado por ciclones, entendem que há necessidade de “arregaçar as mangas” para fazerem sentir a justiça climática. A discussão já aconteceu em Nhamatanda (Sofala) e amanhã sexta-feira, vai acontecer em Quelimane (Zambézia).
Na terça-feira (21.11), na vila municipal de Nhamatanda, mais da metade desses jovens com entidades governamentais e privadas, discutiram desde a Contextualização sobre os problemas ambientais, impacto das mudanças climáticas em Moçambique e o papel da juventude, mulheres e comunidades locais; Apresentação do quadro legal, programas e protocolos assumidos por Moçambique no âmbito da UNFCCC e as decisões e acções de seguimento da COP 2027 e preparação para a COP28; Partilha de experiências e narrativas da ocorrência dos ciclones Idai, Freddy e as realidades vividas nas épocas chuvosas: Grupos de trabalho sobre propostas de soluções; Necessidade da existência e criação de movimentos de advocacia em prol da justiça climática em Sofala: Apresentação dos resultados dos trabalhos em grupo; a até à Apresentação do documento de posição ao Governo distrital e Município de Nhamatanda.
A jovem do Programa “Eu Sou Capaz” no distrito de Nhamatanda, Adaneca Armando diz que houve muita “aprendizagem” na discussão juvenil. De tudo que se aprendeu é para “protegermos o nosso ambiente”.
Adaneca Armando esperava que o evento fosse representado também por muitas mulheres, para a sua surpresa, tinha mais homens que mulheres.
A aluna da Escola Secundária Geral de Nhamatanda (ESGN), Eurídice Fernando da Fonseca, disse que quer “influenciar ou consciencializar mais pessoas a adoptarem o sistema de preservar o Meio Ambiente”. Por exemplo, “não cortar as árvores, no lugar de uma árvore plantar mais dez”.
Para Eurídice Fernando da Fonseca “estamos a destruir a camada de ozono pelas nossas práticas” ao queimar descontroladamente e deitar lixo de qualquer maneira.
Enquanto isso, o professor da ESGN, João Alfandega, entende que aquele encontro que envolveu até jornalistas e entidades governamentais, foi uma oportunidade de “consciencializar os jovens e de criar oportunidades de debate em torno da justiça climática. Sempre ansiei ver jovens engajados no processo de tomada de decisão. Quando estes participam no processo de tomada de decisão acaba sendo muito valioso para o próprio distrito “.
“Nhamtanda além de sofrer com mudanças climáticas, tem problemas na gestão de resíduos sólidos” partindo “da população até aos “mais letrados. É tarefa de todos para a consciencialização contra esta prática. Para tal, Alfandega defende a necessidade de “coalização”.
Para João Alfandega que é também presidente da Associação da Juventude Integrada para o Desenvolvimento (AJID), havendo coalização de todas partes para a justiça ambiental, haverá “protagonismo” em prol do bem comum, independentemente dos desafios que Nhamatanda enfrenta.
Este ano será influenciado principalmente pelas fortes condições do El Niño, e em toda a bacia de ciclones do sudoeste do Oceano Índico, que poderá registar-se entre 5 – 8 sistemas tempestades e ciclones e destes, 2 – 4 poderão atingir a categoria de ciclone tropical.
Em Sofala, de forma particular, estão previstas chuvas normais nos meses de outubro, novembro e dezembro para os distritos de Marromeu, Cheringoma, Muanza, Búzi, Machanga; e chuvas normais tendentes abaixo do normal, nos distritos de Chibabava, Chemba, Beira, Dondo, Nhamatanda, Gorongosa, Maringué e Caia. A resposta desses fenómenos conta com os jovens, e alguns desses já garantiram disposição depois da capacitação.
Com tempo, a realidade virá à tona, se é um conhecimento a ser armazenado ou a ser aplicado nas comunidades, começando pela época chuvosa que se avizinha. (Muamine Benjamim).