Comunicar para Mudança

PRODUÇÃO DE CAJU: Uma projecção de Moçambique ao mundo pela Gorongosa

O projecto arrancou com 50 mil mudas para beneficiar e trabalhar com cerca de 3.800 agricultores das quais 34 por cento são mulheres em 5 dos distritos da zona tampão (Gorongosa, Nhamatanda, Muanza, Maringué e Cheringoma). Existem planos para aumentar a mais um distrito, Dondo, envolvendo 7.000 agricultores emergentes no próximo ano, além do foco nos mercados internacionais. Os beneficiários já estão a concretizar os seus sonhos.

O projecto do caju começou em 2017 com o objectivo de reflorestar as comunidades à volta do Parque e de aumentar a sua renda.

Em dezembro do ano passado, a Gorongosa diz que assinou um memorando de entendimento de 5 anos com o Instituto de Amêndoas de Moçambique (IAM) que permitirá a colaboração através de 3 (três) principais linhas estratégicas de actuação:

(a) Promoção da cultura do caju por meio da produção orgânica;

(b) Processamento e agregação de valor através da instalação de uma fábrica que aumentará o uso total de caju;

(c) Cooperação técnica entre as partes com foco nos produtores nos distritos abrangidos.

Os projectos da Gorongosa, igualmente estão focados na conservação do meio ambiente.

Os técnicos do Parque Nacional da Gorongosa distribuem as mudas aos agricultores e dão-lhes assistência técnica e posteriormente auxiliam no processo de venda do caju no mercado, caso não vendam todos os seus produtos para o Parque.

O plano da Gorongosa é garantir que haja um benefício duplo quando trabalhamos com a fruta e a castanha processando a castanha de caju – abrir a fruta para extrair amêndoas para exportar aos mercados americano e europeu. E também extrair os óleos como o CSNL (Cashew Nuts Shell Liquid) para exportar para os mercados asiáticos. E por último, mas não menos importante, “estamos a trabalhar em parceria com a COMPAL para que façam sumo de caju a partir das frutas. Para que isso aconteça, haverá uma fábrica construída na Zona Tampão que vai separar a fruta da castanha e a colheita será feita periodicamente. Desta forma, criando centenas de mais empregos na zona tampão”.

”Como estamos numa área de conservação, vamos conservar o meio ambiente, e ao mesmo tempo aumentar a cadeia de valor com as cascas de castanhas remanescentes após a extracção dos óleos do CNSL, vamos produzir carvão para uso doméstico e exportar para países Árabes como os Emiratos Unidos ”, escreve a Gorongosa.

“O caju é uma cultura de geração de renda e, nas últimas décadas, Moçambique tem sido um dos maiores produtores da África. Levar essa cultura para a Zona Tampão do Parque significa que estamos a ajudar as pessoas a saírem do ciclo da pobreza e estamos muito felizes em levar este projecto até aos agricultores emergentes e garantir que eles também treinem outros membros da comunidade para replicar estas práticas e garantir a sustentabilidade”.

“O nosso sonho é sermos os melhores produtores de castanha de caju de Moçambique”.

 

Do sonho à realidade das comunidades

Cada agricultor das comunidades recebe no momento, uma média de 100 plantas para começar.

Os cajueiros levam em média de 3 a 4 anos para crescer e produzir até quatro quilogramas de frutos (cada kg vale $1 USD – cerca de 64 meticais), o que equivale a $400 USD (cerca de 25.600 de meticais) por área produzida.

O produtor Tito Costa Simão diz que recebeu 250 plantas de caju e aprendeu as técnicas da agricultura. Depois semeou em distâncias de “10 metros entre plantas para o seu desenvolvimento”.

Em 2023, Tito Costa Simão, a partir do distrito de Gorongosa conseguiu “150 quilogramas de caju. Este ano, 2024, e este ano, produtor projecta 300 kg” do produto.

Segundo o produtor “este projecto veio mudar a vida das pessoas” na comunidade de Tazaronda no distrito de Gorongosa, uma vez que também inclui apoio em sementes de diversos produtos agrícolas de maior consumo como milho, feijão, gergelim, repolho, cebola, quiabo e tomate.

Em Tazaronda, o projecto de caju entrou em 2018. As comunidades começaram pela primeira vez a produzir através da Gorongosa.

Elisa João Faera é uma mulher que faz a diferença na comunidade de Tazaronda ao estar no projecto da Gorongosa. Por causa das 50 plantas de caju que recebeu da Gorongosa mantém o meio ambiente limpo, evitando queimadas descontroladas e garantindo a produção. Hoje, mantém ajuda dos seus filhos na escola, compra de sal e de sabão”.

Com o dinheiro de caju, Elisa Faera comprou “cimento e está a construir uma casa”, por isso, apela às comunidades apoiadas pela Gorongosa a valorizarem a ajuda.

Manuel Laguisse Maguira é outro produtor em Gorongosa. Recebeu “100 plantas de caju”, além de outras sementes acima mencionadas“. Com o que vem ganhando, já consegue garantir material escolar, além de despesas diárias da casa para sustentar a sua família.

Uma fábrica em construção na zona de Mapombue, no distrito de Gorongosa, vai processar 10 toneladas de caju por ano, garantindo o emprego e a luta contra a pobreza. (Ancha Assane e Muamine Benjamim).

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