O momento é, para os políticos, de ebulição. Somos todos os dias, em todos os noticiários “bombardeados” com novidades sobre documentos de candidatura que não se recebem, depois são aceites;
Com candidatos que submetem reclamação para reduzir o número de concorrentes;
Com candidatos que, a coberto de um estatuto que ainda não alcançaram, “maltratarem” nossos impostos com viagens onerosas;
Com concorrentes que em apenas meia dúzia de encontros com as massas já mudaram o timbre da voz (precisam certamente de mais um assistente além do jurídico).
Somos “bombardeados” pelo silêncio dos que ainda não ousaram testar sua aceitabilidade “dando o peito às balas” e é de dentro da casa que ameaçam e rotulam a tudo e todos.
É o que momentos como estes nos acostumaram a vivermos, com uma ou outra inovação. É a pré – campanha que assume diferentes contornos de acordo com a posição do candidato. Os que estão à dextra do Altíssimo estão abuzanhados (oh, meu telefone! é ABENÇOADOS). Estes podem fazer e desfazer. Têm os céus e a terra.
Os outros são os outros mesmo. Uns conseguem se virar e ser tostados de todos os lados pelo fogo do inferno. Outros ainda, sucumbem logo à porta, vítimas da sua ousadia.
Entretanto, ainda não chegou o dia do juízo final e uns já se sentem no coro dos anjos cantando hosanas ao Pai. Deviam recordar a parábola do rico e Lázaro. Mas pouco se importam com isso porque encontraram uma fórmula de convencer Abraão e fizeram uma cópia da chave do Paraíso. Ainda que transformem todo o lugar em Sodoma, Gomorra, ou a terra do dilúvio; quando a ira do povo chegar (oh meu Deus, este android ainda me faz ir à cadeia!). Quando a ira de Deus chegar, eles passarão por outro atalho e com a sua cópia da chave vão abrir o Paraíso. Sentar-se-ão no trono do Pai e rir-se-ão dos cadáveres daqueles que não conheciam a fórmula.
É normal em África embora nalgumas paragens já se esteja a começar a mudar o paradigma. À força como fez o jovem Ibrahim Traoré. À custa de vidas como os jovens quenianos ousaram suspender uma proposta de lei que iria sufocar quem já está sufocado.
Entretanto, neste normal a que nos habituamos ou fomos forçados a assumir como hábito, há algo que me parece um nova estratégia.
Um pouco por todo o lado são publicadas adjudicações milionárias. Dias depois publica-se a suspensão das mesmas. Com excepção das que são feitas pelo Vaticano de Moçambique, a CNE que nunca se abala com qualquer terramoto.
Ora, quando essas adjudicações que se suspendem eram planificadas, discutidas e autorizadas, eram-no à margem dos decisores que depois viram o bom samaritano?
De repente se surpreenderam com o anúncio dos jornais sobre assuntos sensíveis de sua casa, que demandam a assinatura de um ordenador de topo para se transformarem em documento válido?
Não será uma nova estratégia de nos mostrarem que estão preocupados com o nosso bem-estar e que lá dentro há déspotas que agem por sua conta e risco?
Como não despertou, também, o MINEDH para em vez de carros de luxo, diga-se, aceitar transformar esse dinheiro em carteiras que se enquadrariam nas aquisições mesmo que a construção de salas ou redução da dívida com os Professores fossem recusadas pelo doador!
Eu só espero ver coisa boa acontecendo.
Um amigo disse-me uma vez que lá na terra onde decidiu ir viver com sua esposa de cor diferente da dele, os políticos não prometem fazer, para serem votados. Eles fazem as coisas para merecerem o voto. Que gente abençoada!
Acho que é por isso que não fazemos um grande esforço para reduzir o analfabetismo. Antes alfabetizamos para tolher a mente do cidadão para ter uma visão monolítica deste País. Temos poucos sabendo que “o boi do candidato é gordo, mas o boi do eleito é magro”.
Será sempre assim onde se pretende ficar rico à custa do que poderia ser partilhado por muitos.
O que tinha de especial a Líbia de Gaddafi?
O que tem de especial aquele enclave no meio da África que se chama Botswana sem sequer ter acesso ao mar?
Boa vontade e probidade. Só. (Ricardo Mapoissa).